Blog da Laura Peruchi – Tudo sobre Nova York
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Você prefere o Brasil ou os EUA?

Desde que eu me mudei para New York, já vim três vezes para o Brasil – esta é a terceira. Diferente das outras vezes, este vai ser o período em que a estadia em terras tupiniquins será mais longa. E desde que eu soube que viria, e sabia do tempo que ia ficar, foi impossível –  e ainda está sendo – conter o turbilhão de sentimentos em minha cabeça. Obviamente, o lugar que eu chamo de casa, agora, está lá em Nova York. O nosso pequeno apartamento que a gente rebola pra aproveitar espaço – mas tem tudo que a gente precisa. Nunca é fácil ficar longe de casa. Ainda mais quando essa sua casa serve de pauta de trabalho de todos os dias (pensam que é fácil manter um blog assim de longe, é?) e quando todos os seus projetos tem a cidade como propósito, motivo ou razão.
E não, não me entendam mal. Isso não é pra dizer que a minha estadia no Brasil está sendo ruim. Muito pelo contrário. E eu sabia que seria assim. Semana passada, estava na BR 101, rumo a Tubarão, para visitar algumas amigas, e o cérebro começou a dar aquelas viajadas… Porque sim, as semanas por aqui têm sido maravilhosas. Comida e colo de mãe e aquele cheirinho de roupa de cama que só elas sabem como fazer, irmão para andar de bicicleta – e discutir de vez em quando – pai pra conversar e rir. Sem contar as amigas, aquelas que não importa o tempo que passe, continuam lá, firmes e fortes, dividindo coisas boas e ruins (porque amiga é pra isso) pelo Whats ou ao vivo agora, com papos regados a um jantarzinho e uma cerveja gelada. Obviamente, não dá pra manter todo mundo no seu círculo. 
Claro que o tempo junto à agenda corrida de todo mundo fazem com que não seja possível conversar com todos que você queria. Pessoas que quando você morava aqui eram mais próximas podem se afastar – e não por um motivo especial, mas simplesmente por conflito de datas, de interesses (ou falta de interesse). Não quer dizer que elas deixarão de ser especiais em sua vida ou de ter um lugar no seu coração, mas é que você aprende que esse é um dos preços que se paga por morar longe. E é aí que você aceita ainda mais o sentido da frase “não dá pra ter tudo na vida”. O mesmo vale para a vida em Nova York – que é bem diferente de quando eu botei os pés lá, em janeiro de 2014. Em pouco mais de um ano e meio morando em terras americanas, conheci pessoas, conquistei amigas – e já tive que dizer adeus para algumas. Já morro de saudades das que estão lá e já sei que vou sofrer com a falta de uma que veio embora para o Brasil. É o preço que se paga.
Durante este meu período por aqui, não é difícil que eu seja questionada – mais pelos parentes e amigos que não tenho tanto contato – se estou gostando de morar em Nova York (porque quem convive mais comigo sabe a resposta). Ou então se eu prefiro lá ou aqui… Que eu gosto de Nova York não é novidade para ninguém, né? Aprendi a amar aquela cidade de um jeito indescritível. E, por mais que alguém diga que esta não é uma missão difícil, eu peço permissão para discordar e dizer que não, Nova York não é um amor pra todos. A correria, o ritmo frenético, o humor das pessoas e a distância… Não é uma cidade perfeita – mas é perfeita para mim. E onde eu prefiro estar? Esta é uma pergunta sem resposta certa. Porque enquanto Nova York me oferece um mundo de possibilidades – ela também me proporciona uma vida longe da família e das amizades que cultivei durante tanto tempo. Ela ainda me desafia todos os dias a conhecer novas pessoas – e cativar pessoas. O que não é ruim, pois conheci pessoas maravilhosas lá. Mas, novamente, como não se pode ter tudo na vida, morar fora é cultivar esse sentimento contraditório todos os dias. Não tenho dúvidas de quanto amo minha vida lá, mas os períodos no Brasil me deixam com esse sentimento, esse aperto no peito de ter que dizer adeus e aquele nó na garganta que vai ficando insuportável à medida que o dia de ir até o aeroporto chega. Antes disso, eu fico ensaiando não chorar, nem sentir aquilo que eu sei que é impossível não sentir. O exercício que mais ajuda é pensar em tudo que está à minha espera quando eu chegar lá, criar expectativas e curtir também a saudade da minha casa, lembrar das amigas que vou reencontrar e dos programas que vou voltar a fazer. 
Uma das maiores expectativas é que um dia Nova York possa me oferecer tanto calor humano quanto as minhas estadias no Brasil me oferecem. Mas acho que estou no caminho. Meu curto período lá já colocou tantas pessoas especiais em minha vida que eu só posso acreditar que a tendência é que isso continue e continue… O bom é que mesmo que os períodos por aqui sejam curtos, eles são intensos o suficiente para me contagiarem com uma explosão de carinho e energias boas que me ajudam a continuar a acreditar nos meus sonhos – e voltar, pro lugar que é minha casa, confiante e com a certeza de que eu na verdade sou é sortuda por ter tanta gente boa perto de mim. E não só no sentido físico – mas dentro do coração. Que bom que eu tenho um lugar onde, não importa o tempo que passe, ainda posso chamar de casa. 
Dizem que lar é onde seu coração está. O meu fica em dois lugares ao mesmo tempo. 

1 comentário

  1. Eu estou no Brasil tbem, depois de 1 ano e meio, e tem coisas que nós emocionam muito, como domingo, que vi duas amigas com chimarrão e garrafa térmica caminhando em direção a praça da cidade, quanto tempo que não via essa cena, e me emocionei. E como eh difícil quando as pessoas perguntam: mas eh melhor lá do que aqui? Não eh questão de melhor e nem pior, eh a sede pelo desafio, pelo diferente, e essa sensação que podemos abraçar o mundo!

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