Se você acompanha o blog há um tempo – há pelo menos uns 8 meses – vai se lembrar que na metade do ano pasado rolou uma série de posts sobre viajar sozinho para Nova York. O intuito da série foi ajudar as pessoas a perderem o medo de viajarem sozinhas. Falta de companhia não é desculpa para você não realizar esse sonho. Atendendo a pedidos de pessoas que viajaram sozinhas e queriam compartilhar seus relatos, decidi reviver a série e, nas próximas semanas, teremos mais alguns depoimentos de quem veio para a Big Apple na cara e na coragem!
Bruna Fernandes, 22 anos, São Paulo – SP, Blogueira/Publicitária. Ficou na casa de uma amiga.
“Depois da Disney, Nova York era um sonho de infância. Viciada em Gossip Girl, eu precisava “entender” o que era o Upper East Side. Viajar sozinha foi a melhor coisa que eu fiz depois de cinco anos sem férias: paz de espírito em poder fazer meu próprio roteiro, no meu horário, no meu ritmo. Fiquei tão apaixonada que, depois de 15 dias em São Paulo pós-viagem, decidi voltar para morar. E cá estou! Fiquei hospedada na casa de uma amiga em Astoria, no Queens. Por ter vivido a vida de quem mora, me apaixonei por essa loucura que é Nova York. E fiz muitas amizades. Quando estava sozinha em pontos turísticos, ouvi um português brasileiro, já ficava de olhos arregalados procurando para puxar assunto e assim foi… Na minha volta, puxei assunto com todo mundo no avião e ajudei várias meninas a andarem de metrô, por puro prazer e na cara de pau. Só para fazer amizade mesmo. E meu maior aprendizado foi descobrir que eu sou capaz! Perca a vergonha e fale! Se estiver errado, fale de novo e peça ajuda”.
Qual o conselho que daria para quem está pensando em viajar sozinho para Nova York? Programe-se e use sem dó o seu Google Maps. Confie nele e tudo dará certo! Ah, o MetroCard semanal é a melhor coisa da vida!
Qual é a parte mais legal de viajar sozinho? Fazer novas amizades e conhecer a você mesmo.
E qual a parte mais chata? “Please, Can you take a picture for me?” HAHAHAHAHA.
Um programa imperdível para quem viaja sozinho para Nova York é… Museu de História Natural. Meu Deus, que lugar lindo! Eu tenho paciência ZERO para museu. Entrei ali para “cumprir” tabela e foi o único que coloquei em meu roteiro porém, depois de 5 minutos lá dentro, queria morar ali na Ocean Life Room para todo o sempre. A estátua da baleia é a coisa mais linda que você vai ver na sua vida!
Rebecca Michelon, 29 anos, Campinas – SP, Professora de Ballet Clássico. Ficou em hotel.
“Amo Nova York desde que me entendo por gente. Já tinha ido outras vezes, mas sempre acompanhada dos meus pais. Geralmente passamos os meses de dezembro e janeiro nos EUA e esse ano não foi diferente, porém não pude acompanhá-los porque nossa cachorrinha não podia ficar sozinha. Decidi que quando eles voltassem eu iria me aventurar ma codade. Mas faltava a companhia. E agora? Foi um sufoco. Simplesmente não sabia o que fazer. Quase desisti da viagem. Mesmo conhecendo bem a o lugar, o medo era enorme. Comecei a pesquisar grupos e informações de meninas que tinham viajado sozinhas (foi quando encontrei o grupo da Laura). Ler os relatos das meninas dizendo que tinham AMADO, me animou e muito. Então comprei passagem para três dias depois que os meus pais voltassem para o Brasil. No dia 26 de janeiro de 2017 embarquei para a minha aventura. Quando me animei pra viajar sozinha, decidi que essa seria uma viagem minha, SÓ minha. Um tempo depois, surgiu uma companhia para a viagem, mas eu recusei. Precisava dessa experiência. Iria realizar todas as minhas vontades e caprichos e enfrentaria todas as minhas inseguranças e medos sozinha. E eu consegui. Eu descobri que é muito legal ter companhia, mas que também é MUITO legal ter um tempo só pra gente, nós somos a nossa melhor companhia. Foi a primeira vez que viajei sozinha e com certeza quero voltar. Já estou me planejando pra voltar sozinha no verão, pois ainda não conheço o calor dessa cidade maravilhosa.”
Qual o conselho que daria para quem está pensando em viajar sozinho para Nova York? Na viagem de ida, jantei com meus pais na Pizza Hut do aeroporto, e passei muito mal no vôo. Eu não conseguia manter nada no estômago, foi o vôo mais longo da minha vida. Eu não tinha levado um remédio pra isso, estava naquela poltrona horrorosa, desconfortável e morrendo de sede. Só queria minha cama e um Gatorade. Um casal brasileiro muito gentil me deu um remédio. Portanto, levem a farmácia de vocês, prevejam todas as possibilidades, é difícil, mas vai te poupar um estresse. Só cuidado com medicamentos controlados, não esqueçam a receita. E se divirta, permita-se fazer o que está com vontade. Permita-se explorar e descobrir uma Nova York fora dos guias turísticos. Saia da sua zona de conforto, arrisque-se e se perca. Nova York é o melhor lugar pra se perder.
Qual é a parte mais legal de viajar sozinho? Não depender de ninguém para fazer as coisas. Fazer as coisas do seu jeito, no seu tempo, de acordo com as suas vontades e necessidades. E descobrir que você não precisa de ninguém pra se divertir.
Qual a parte mais chata? Acho que a pior parte são as fotos. Ficam todas com cara de Selfie. É meio chato ficar pedindo o tempo inteiro pra tirarem nossa foto.
Um programa imperdível para quem viaja sozinho para Nova York é… sentar no Central Park e observar as pessoas ou em ir a um pub e fazer amizades. Além das coisas óbvias, como desabravar o Brooklyn e assistir um musical da Broadway.
Carolina Faisca D’Amore, 34 anos, Guarujá, SP, médica veterinária. Ficou em hotel e hostel.“Em junho de 2015, uma amiga me convidou pra ir para Orlando com ela e mais um casal de amigos dela, seriam quase 20 dias entre Orlando e Miami. Cogitei não ir, mas pensei em como os últimos anos tinham sido bem sofridos para mim com a morte da minha mãe e pensei: “eu mereço e vou com ela”. Eu me empolguei e comecei o processo do visto, mas tinha sempre aquela pulguinha… Será que eu quero passar 20 dias lá? Será que eu quero ir pra Orlando e conhecer o Mickey? Eu sempre quis conhecer Nova York, por que eu vou para outro lugar? Sentei com meu pai, que é o maior incentivador de todos, contei para ele a minha ideia e escutei: “eu te levo no aeroporto filha. Vai lá conhecer a cidade e depois me leva com você”. Era o sim que eu tanto queria. Lembro de estar na casa de uma amiga e dizer: “não vou mais com a Gabi. Vou pra Nova York e vou sozinha”. Recebi três olhares de “oiiiiiiiiii? Você está louca?”. Naquela mesma noite, comprei minha passagem e assim, feito uma louca, tomei a decisão de viajar sozinha e foi a melhor da minha vida. No avião conheci uma senhora que me disse: “minha filha, eu venho todo ano, não consigo ficar longe de Nova York e eu pensei: “será?”. No dia 5 de novembro de 2015, eu pisava pela primeira vez em Nova York e naquele momento tive a certeza que eu nunca mais seria a mesma e que, se possível fosse, voltaria todos os anos. Eis que em dezembro de 2016 lá estava eu de novo… A próxima? Maio de 2018. Na primeira vez, sentada na sala de embarque sozinha eu pensei: o que eu estou fazendo? Tive medo da solidão antes de ir, de sentir saudade, de me sentir abandonada em outro país. Verdade seja dita: o medo passou assim que eu cheguei. Aprendi que viajar sozinha definitivamente não é estar sozinha. Juro que eu não me senti sozinha em momento algum. Eu me sentia realizada e com isso descobri que eu posso ser feliz sozinha. Andar sem rumo pela cidade me trouxe uma felicidade absurda e a certeza que eu tinha tomado a decisão certa quando e resolvi viajar sozinha. E para aqueles que falavam “coitada vai viajar sozinha de novo”: elas não sabem como é mágico. Na primeira vez fiquei hospedada no tão falado Hotel Pensylvania, que fica em frente ao Maddison Square Garden. Nunca tinha viajado sozinha e achei prudente ficar em um local “perto de tudo”. Tive uma ótima experiência ao contrário do que muitos dizem e acho que foi uma ótima decisão. Na segunda vez, já me sentindo mais confiante em andar pela cidade e pensando no valor da hospedagem, decidi por um hostel e o escolhido foi o YMCA do Upper West Side, era novamente perto de tudo mas muito mais barato e meu quarto tinha vista para o Central Park. Se você procura uma hospedagem para tomar banho e dormir não faz muita diferença.
Qual o conselho que daria para quem está pensando em viajar sozinho para Nova York? Pare de pensar, calce seu tênis mais confortável e vá. Tem que se jogar na cidade, e ela te acolhe em toda a sua plenitude. Sua vida mudará, sua visão sobre você mesmo irá mudar e sim, você irá se apaixonar por Nova York na mesma hora.
Qual é a parte mais legal de viajar sozinho? O seu tempo é seu, você faz o que quer, na hora que desejar e se desejar. Você pode passar horas sentado no parque e apenas minutos dentro das lojas. Comer o que quiser e se quiser. Eu sempre faço um roteiro, isso é essencial para uma cidade com tantas atrações, mas se alguma coisa chamava minha atenção, lá ia eu andando em direção ao desconhecido e sempre foi incrível. Viajar sozinha é a maior aula de autoconhecimento que você terá.
E qual a parte mais chata? Talvez comer sozinha. Eu odeio comer sozinha e eu acabava comendo sozinha muitas vezes. E eu também me peguei pensando muito nas pessoas que eu amo, que elas adorariam tal lugar ou tal comida ou um pôr do sol qualquer na beira do rio. Nesses momentos eu fazia uma promessa baixinho…”vou trazer eles aqui”.
Um programa imperdível para quem viaja sozinho para Nova York é… O pôr do sol no Top of The Rock. Nas duas viagens, eu fui lá em cima ver o pôr do sol e eu nunca vou esquecer daquele céu, da visão daquela cidade enorme se acendendo na minha frente e do frio absurdo que eu passei. É o meu lugar preferido sem dúvidas. Preciso falar sobre minha experiência com a neve. Todos diziam que eu veria neve e eu tentando manter as expectativas baixas… eis que no meu último dia na cidade saí cedinho do hostel e já senti que era o dia mais frio da minha vida. Fui patinar no Bryant Park, fui na biblioteca pública, Grand central e voltei para a Times Square, já que eu tinha ignorado ela a viagem toda. O frio estava insuportável e eu pensei: “não é possível que não vá nevar Meu Deus. Eu mereço ver isso!” E saí andando em direção à Sexta Avenida meio sem rumo e indignada com o clima. Quando eu estava já cansando e indo paro o hostel deixar as coisas, senti uma coceirinha no rosto, parei na mesma hora e falei “é NEVE”. As pessoas ficaram me olhando e ignorando a neve e eu maluca que aquilo estava finalmente acontecendo. Eu não parei mais de andar, fui para o Central Park e andei sem rumo por ele enquanto a cidade ficava branquinha. Foi a primeira neve da minha vida e a primeira do ano em Nova York…com certeza um dia para não esquecer jamais.”
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Laura Peruchi é jornalista, autora e empreendedora. Mora em Nova York com seu marido desde 2014, e, desde então, divide em seu blog um conteúdo variado sobre a Big Apple. Com dicas de turismo, compras, restaurantes e muito mais, sua plataforma online tornou-se referência em conteúdo em português para quem está planejando uma viagem a Nova York. Acompanhe Laura também no Instagram, Youtube, Facebook e Spotify.