Sobre a paciência

O meu sobrenome poderia ser, facilmente, ansiedade. Quem me conhece sabe desta minha característica. Sei que em certas situações todos nós podemos ser ansiosos, mas eu posso garantir que ultrapasso a cota.  Pra ajudar ou completar ou ser mais do mesmo, sou controladora. É, confesso. Gosto de ter as coisas sob controle, tenho dificuldade para delegar tarefas, curto trabalhar sozinha. Obviamente, minha mãe, com toda sua sabedoria, já cansou de me dizer “pra que tanta ansiedade, minha filha?”. Na semana do meu casamento, por exemplo eu já estava tendo chiliques, mas né, vamos combinar, noivas têm licença poética para serem ansiosas, não é mesmo? Mas, e quanto ao restante da vida? 

A minha mãe sempre me diz que “um dia eu ia entender” os conselhos dela, mas ela sempre salientava que desejava que eu não esperasse ter 40 anos para compreender certas facetas da vida. Há, tô quase nos 30 mãe! Porém, ok. Acho que já aprendi várias lições nesta minha curta – ou não – vida. Na realidade, o exercício de controlar a tal da ansiedade não é fácil. Eu tento e tal, mas vira e mexe, a danadinha toma conta e aí, aguenta crises de chorinho, fases meio desanimadas e aqueles sonhos malucos. Porque comigo é mais ou menos assim: eu quero tudo rápido, agora, do meu jeito. E, infelizmente (hohohoh) a vida não funciona assim. 

Entretanto, este texto não é só para falar das minhas fraquezas e de que sou uma derrotada pela ansiedade. É porque esta minha mudança para Nova York tem me ensinado muitas coisas e este ano de 2015, apesar de estar só no começo, já me trouxe vários aprendizados. Na realidade, é maravilhoso, e até reconfortante, quando você percebe que as coisas na vida têm seu tempo para acontecer. Essa semana, uma amiga me falou: há tempos de plantar, há tempos de colher. Por mais clichê que seja esse ditado que tanto usamos, ele tem suas verdades. Acho que eu estou compreendendo, finalmente, que as coisas em nossa vida nem sempre acontecem da noite para o dia. Sempre soube que a gente precisa ter objetivos e foco para alcançá-los, mas quem disse que é fácil manter a concentração, né? Todavia, se fosse fácil, no daríamos valor.  Ok, meu texto tá cheio de clichês, mas faço o que?

A paciência é uma virtude e eu não tenho dúvidas disso. A gente precisa realmente programar nosso cérebro para não pirar, não cair na síndrome de coitadinha – ou de auto-sabotagem – e encontrar esse equilíbrio não é a tarefa mais fácil do mundo. É prática diária. E sabe de outra coisa? Uma outra amiga outro dia me contou uma história de uma professora e da lição que ela tinha aprendido: que para cada sim que a gente recebe, precisa ouvir 9 ‘nãos’. Aí eu encaixo outro lembrete aqui. A gente vive tão focado às vezes em conquistar aquela meta tão importante, em realizar aquele sonho que nos acompanha noite e dia… que esquecemos de dar valor para as outras coisas boas que acontecem em nossa vida. E que essas pequenas coisas podem ser um sinal de que sim, você está chegando onde queria chegar. Acredite: quando a gente consegue ser grato pelas pequenas vitórias periódicas, a vida fica mais leve. Inclusive você encontra mais energia ainda para não desistir daquilo que te espera mais à frente. 

Obviamente, isso não vale pra quem senta no sofá, se faz de coitadinho e pensa “oh, que mundo injusto”. Não. Vale pra quem corre atrás e faz acontecer. Eu falo por experiência própria. Nestes últimos dias, a vida tem me presenteado com várias oportunidades e, por alguns momentos, eu me peguei pensando se não era mentira. Mas, poxa, deixando a modéstia de lado, eu sei o quanto eu corro atrás, o quanto eu tento fazer acontecer. E se a gente faz tudo certo, porque uma hora os resultados não apareceriam? Tenho conhecido tantas pessoas com histórias inspiradoras e todas elas falam como é importante acreditar nos próprios sonhos. E, quer saber? Elas estão repletas de razão.