Blog da Laura Peruchi – Tudo sobre Nova York
lifestyleNYC

Sobre a morte

Não há como negar que a experiência de viver fora do Brasil é encantadora, maravilhosa, inesquecível. Mas eu sempre fui uma pessoa muito apegada à família e chorei horrores antes de embarcar pra cá. Nunca fiquei mais de 3 ou 4 semanas sem ver meus pais, sou do daquele tipo grude, que gosta de compartilhar tudo, alegrias e tristezas. Então, viver tão longe, com visitas reduzidas a periodocidades semestrais ou anuais está sendo um desafio. Hoje, porém, está sendo um dos dias mais difíceis, pois algo que eu sempre temia aconteceu: perdi um ente querido e estou longe. Meu avô materno que estava doente – se foi. 
Eu já esperava que isso acontecesse, estava conformada ao ver a força de minha mãe lidando com o fato, mas quando tudo se concretiza, mesmo que você esteja esperando, sempre dói. Dói não poder estar por perto para dar um abraço apertado em minha mãe, para confortar minha avó, pra chorar, pra me despedir. Nestas horas, escrever acaba sendo o alívio para a angústia. Só posso mandar meus melhores pensamentos. Skype ajuda, e-mail também, mas ainda não inventaram nada que substitua o abraço. Eu sofro mais pelas pessoas que estão sentindo a perda dele – a morte é algo inevitável e, nestas horas, as pessoas que ficam são as que precisam ser consoladas.
E a morte… ah, a morte. Nunca foi um assunto fácil pra mim. Acho que não é pra ninguém, mas sei que há que lide melhor com isso. Desde pequena, penso no que acontece depois que você morre. É difícil pra mim aceitar que tudo simplesmente acaba . E é difícil aceitar que as pessoas que você ama não estarão pra sempre do seu lado. Eu mesma sempre tento espantar esses pensamentos quando eles surgem em minha cabeça. A hora chega para todos. A gente não sabe como, nem quando. Só se sabe que vem – aliás, é a única certeza que temos: todo mundo que nasce, morre. Se vai ser rico, bem-sucedido, feliz ou fracassado ninguém sabe.
Ano passado, perdemos um ente querido, que foi embora muito cedo – ora, e quem disse que só os mais velhos partem, né? Durante a missa de corpo presente, o padre falou umas palavras que me tocaram muito – e das quais eu não me esqueço. Nós não somos preparados para lidar com a morte. Apesar de, como eu disse, ela ser algo presente em nossas vidas, algo inevitável, algo que sabemos que vai acontecer – mesmo assim, a ignoramos. Fingimos que as pessoas que nos cercam estarão ali para sempre. Que nós viveremos para sempre. Ou quase isso. Lembro que ele comentou algo sobre sermos muito egoístas quando se trata desse assunto. Só pensamos na morte olhando pra grama do vizinho. Só pensamos que os outros podem partir, nunca colocamos nossos familiares e amigos na reta. Mas o dia de todos chega. E como a minha mãe disse um dia: a vida continua pra quem fica. A morte dói, machuca, agonia, angustia, traz impotência. Mas é uma certeza com a qual temos que lidar… Infelizmente. Mais cedo ou mais tarde, teremos que aprender a lidar com a ausência daquelas pessoas que tanto amamos e tanto nos fazem bem. Ou elas terão que lidar com nossa falta. Não está nas nossas mãos decidir quem vai primeiro – e, sim, aceitar que isso faz parte da nossa existência. 
Mãe, sinta-se abraçada. Amo vocês. 
Desculpem o desabafo. Cada um expressa seus sentimentos da forma que acha melhor. Estou bem, mas precisava colocar isso pra fora… 

2 Comentários

  1. Acredito que existam pessoas que lidam melhor que as outras, mais pra maioria, sempre é muito difícil. Ter q pensar que acabou tbem me deixa em pânico. Meus pêsames a vcs.

Leave a Response