Crise existencial – quem nunca?

Acho que todos nós passamos por algumas crises durante a vida, né? Tem aquela fase em que a gente não serve nem pra criança, nem pra adolescente. Tem aquela outra fase em que já somos adolescentes grandinhos, mas não independentes. Daí vem a faculdade, um pouco de liberdade e todas aquelas dúvidas que envolvem a escolha da profissão. A verdade é que a gente curte um draminha. E a gente adora dar nomes aos draminhas.

Já ouviram falar no inferno astral? Até onde sei é um período que antecede seu aniversário – nem entro em detalhes porque não sou a mais íntima com astrologia – só acredito em Horóscopo se ele falar algo que me interesse – #sinceridades. Enfim, o fato é que, sabendo desse tal “inferno”, fica fácil aceitar aquelas coisas que não estão dando certo, o projeto que não sai do papel, o processo seletivo que não deu, whatever, inclua aqui qualquer coisa que você queria muito e fracassou. “Gente, é meu inferno astral, tá explicado”.  

Daí estou aqui eu, nos meus 28 anos, já com medo da fase dos “inta”, cheia de planos, ansiosa para que eles dêem certo, querendo fazer mil coisas ao mesmo tempo – e ainda cheia de dúvidas na cabeça. Será que estou no caminho certo? Será que não seria bom desistir e tentar outra alternativa? Por que não pode ser mais fácil? Bate a crise existencial. O desesperinho, o velho draminha. “Pra onde vou? Onde quero chegar? E se não der certo? Tô deprê. Não quero sair hoje. Blá blá blá”. Tava contente em chamar esse meu estado crítico de crise existencial e aí descubro que também há uma explicação astrológica. Alguém menciona o “retorno de Saturno”. Uau! É isso! É por isso que ando assim cabisbaixa – detalhe, nem sabia o que era o tal retorno de Saturno. Uma googlada e descubro que Saturno leva 28 ou 29 anos para dar uma voltinha – o que a Terra leva 365 dias. Assim, bingo: “a idade de 28 anos é uma idade chave, de questionamentos, cobranças e também da colheita de resultados positivos que foram semeados”. Pronto, já me sinto compreendida pelo universo.

A verdade é que assumir os erros, apesar de dolorido, é o melhor caminho para evitar o “mimimi” no futuro. Não adianta lutar contra o que está consolidado – ou traduzindo, não dá pra chorar pelo leite esparramado. Abre a geladeira, enche a caneca de novo e põe pra ferver com mais cuidado. Vendo deste paramar, parece tão simples né? Na real, dizem que a vida é bem fácil mesmo, a gente é que complica. 

Ei, Saturno, tu não vai ferrar com a minha vida não!

Ficou confuso ou tá bom? Quem mais tem essas “crises”? Não pensem que sou perfeita não – muitas vezes me pego brigando comigo mesma pra não cair nestas armadilhas. Nós somos as únicas a perder com isso.