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Coronavírus: o que você precisa saber sobre a situação atual em Nova York

Atualizado em 16 de junho

Tem sido uma longa jornada desde meados de março, quando o estado de NY começou a sua batalha contra o coronavírus. De lá pra cá, a cidade mudou completamente, assim como nossas rotinas. Pouco depois que tudo isso começou, eu passei a acompanhar as coletivas diárias do governador de NY, Andrew Cuomo, e compartilhar as informações no meu Instagram. Agora, estamos começando a vislumbrar um cenário de reabertura lenta e gradual na cidade de Nova York e como sei que muita gente que me acompanha quer entender mais sobre a situação aqui – seja por ter viagem marcada, seja por morar aqui – achei melhor escrever um panorama geral para vocês.

Retrospectiva e fatos sobre a pandemia em NY

  • O primeiro caso de coronavírus no estado de NY foi confirmado no dia 1 de março – uma mulher de quase 30 anos, que mora em Manhattan, que contraiu o vírus enquanto viajava no Irã.
  • Uma semana depois, no dia 7 de março, o governador de NY declarava estado de emergência.
  • No fim de semana seguinte, aglomerações foram proibidas e, pouco a pouco, todas as atrações turísticas foram fechadas.
  • Permaneceram abertos apenas supermercados, farmácias e lavanderias, no geral. Restaurantes puderam continuar operando com sistema de entrega ou retirada no local.
  • Todas as aulas – em escolas e universidades – foram suspensas. O ano letivo aqui termina em junho. Ainda não há certeza sobre o próximo ano letivo, que se inicia em setembro.
  • Uma coisa que vale lembrar também é que Nova York nunca esteve em lockdown, como aconteceu em vários países da Europa. Aqui os serviços essenciais continuaram operando e foi pedido que a população ficasse em casa.

Métricas para reabertura

O contínuo controle da taxa de transmissão do COVID-19 limita infecções e garante que o sistema de saúde não seja sobrecarregado.  A taxa de reprodução ao longo do tempo, Rt, mede quantas pessoas um portador de vírus infecta. No ponto alto de Nova York, os especialistas acreditam que o estado tinha um Rt de mais de 3, significando que uma pessoa positiva estava infectando mais três pessoas. As medidas tomadas no estado baixaram  a taxa de transmissão para menos de um – não apenas diminuindo a taxa de propagação, mas atingindo um declínio em novos casos.

A palavra de ordem para reabrir o estado é cautela e a reabertura acontece em diferentes momentos de acordo com cada região do estado. Foram definidos 7 critérios e uma região só pode começar a reabrir quando atingir todas as métricas:

  • Métrica 1: declínio no total de hospitalizações – O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, órgão federal) recomenda que a reabertura dependa de uma queda trajetória de hospitalizações e infecções em um período de 14 dias. Consequentemente, antes de uma reabertura começar, uma região deve sofrer um declínio constante no total de hospitalizações líquidas – o número total de pessoas no hospital todos os dias, calculado com base em média de três dias – ao longo de um período de 14 dias.
  • Métrica 2: declínio nas mortes –  antes de reabrir, uma região deve ter um declínio sustentado na média de três dias do número diário mortes ao longo de um período de 14 dias.
  • Métrica 3: Novas hospitalizações – a reabertura em fases para cada região estará condicionada à ocorrência de menos de duas novas internações por 100.000 residentes (medido em uma média de três dias).
  • Métrica 4: Capacidade hospitalar | Leitos –  a orientação do CDC e da Organização Mundial da Saúde (OMS)
    é exigir que a capacidade do sistema de saúde regional permaneça suficiente para absorver um ressurgimento potencial de novos casos. As regiões devem ter pelo menos 30% do total de leitos disponíveis.
  • Métrica 5: Capacidade hospitalar | Leitos UTI – Quase 30% das hospitalizações por COVID-19 requerem, em última análise, cuidados intensivos. Assim, as regiões devem ter pelo menos 30% de seus leitos de UTI disponíveis antes que uma reabertura em fases possa começar. Além disso, para garantir que enfermeiros e médicos tenham o equipamentos de proteção (EPI) de que precisam, todo hospital também deve ter pelo menos 90 dias de EPI armazenados.
  • Métrica 6: capacidade de teste de diagnóstico – testes são essenciais para identificar novas infecções, isolá-las e rastrear seus contatos. Cada região precisa realizar 30 testes por 1.000 pessoas por mês.
  • Métrica nº 7: capacidade de rastreamento de contatos – O rastreamento de contatos ajuda a impedir a propagação do COVID-19 entrevistando rapidamente pacientes positivos; identificando sua seus contatos mais próximos; contactando e alertando esses contatos para o risco de infecção; e instruindo esses contatos a colocar em quarentena ou isolar por 14 dias, para garantir que eles não espalhem o COVID-19 para outras pessoas.

Uma vez iniciada a reabertura em fases, é essencial que a taxa de transmissão seja monitorada com cuidado e permaneça sob controle. Cada região deve nomear uma instituição de supervisão como seu “controle” para monitorar a taxa de infecção regional durante as fases de reabertura. Essa equipe de autoridades locais eleitas, bem como os hospitais representantes estaduais, monitorará as métricas acima e outros indicadores-chave e pode diminuir ou interromper a reabertura se os indicadores forem preocupantes.

As fases de abertura

Só depois que uma região atinge as 7 métricas definidas pelo governo do estado é que ela pode começar sua reabertura, que acontece em 4 fases:

  • Fase 1: Construção, fábricas, atacado, lojas selecionadas apenas no sistema de retirada, agricultura, silvicultura e pesca.
  • Fase 2: serviços profissionais, finanças, seguro, lojas, administrativo, venda e aluguel de imóveis, salões de beleza.
  • Fase 3: Restaurantes / serviços de cuidado
  • Fase 4: artes, entretenimento, recreação e educação.

ATUALIZAÇÃO:

  • em 3 de junho, o Governador Andrew Cuomo anunciou que restaurantes poderão operar em área externa nas regiões que entrarem na fase 2.
  • em 15 de junho, foi anunciado que encontros de até 25 pessoas são permitidos a partir da fase 3.
  • prática de esportes para crianças e adolescentes podem ocorrer a partir da fase 3, com dois expectadores por criança.
  • graduações com até 150 pessoas serão permitidas a partir do dia 26 de junho.

Você encontra as últimas atualizações aqui.

Passar ou não para a próxima fase depende muito. Se a taxa de contaminação voltar a aumentar, eles podem voltar atrás.⁣⁣⁣⁣ No geral, o intervalo entre uma fase e outra é de 14 dias. Vale lembrar que tais reaberturas não significam um retorno ao que era antes. Ao desenvolver seus planos de abertura, as empresas precisarão considerar três fatores principais:

  • O primeiro fator é a proteção para funcionários e clientes. Isso inclui possíveis ajustes nas horas de trabalho e mudar o design conforme necessário para reduzir a densidade no local de trabalho; promulgar protocolos de distanciamento social e restringir viagens não essenciais para os funcionários.
  • A segunda são as alterações no espaço de trabalho físico, incluindo exigindo que todos os funcionários e clientes usem máscaras se estiverem contato próximo frequente com outras pessoas e implementação normas de limpeza e saneamento.
  • O último fator é a implementação processos que atendem às mudanças nas obrigações de saúde pública, como triagem de indivíduos quando eles entram no local de trabalho, ou relatórios de positivos confirmados para os clientes.

Quais regiões já reabriram?

  • O estado de NY começou sua reabertura dia 15 de maio.
  • Capital Region, Western New York, Central New York, Finger Lakes, Mohawk Valley, North Country, e Southern Tier estão na fase 2.
  • Long Island e Mid-Hudson Valley Regions começam a fase 2 na semana do dia 8 de junho.
  • A cidade de Nova York entrará na fase uma da reabertura dia 8 de junho.

Testes

Nova York oferece duas modalidades de testes: o teste de COVID-19, para diagnosticar se a pessoa está infectada, e o teste de anticorpos, para apontar se a pessoa já esteve infectada.

Testes COVID-19

Os testes de COVID-19 são gratuitos e, abaixo, você confere os critérios de elegibilidade, sujeito a alterações com base na disponibilidade e capacidade de teste e por razões de saúde pública. Um indivíduo pode ser testado quando:

  • tem sintomas ou tem um histórico de sintomas de COVID-19 (por exemplo, febre, tosse e / ou dificuldade em respirar);
  • teve contato próximo (ou seja, a menos de um metro e oitenta) a uma pessoa que se sabe ser positiva com COVID-19;
  • está sujeito a uma quarentena preventiva ou obrigatória;
  • é profissional de saúde, socorrista ou outro trabalhador essencial que interage diretamente com o público enquanto trabalha;
  • apresenta um caso em que os fatos e circunstâncias – conforme determinado pelo médico assistente em consulta com o departamento estadual ou local das autoridades de saúde – justificam o teste;
  • é incluído sob outros critérios estabelecidos pelo Departamento de Saúde da NYS, com base no local geográfico de residência, ocupação ou outros fatores que o Departamento considere relevantes para fins de teste COVID-19
  • qualquer pessoa que retorna ao local de trabalho na Fase 1.

Para encontrar um local de testes perto de você, é só clicar aqui.

Testes de anticorpos

Apesar de ainda não existirem comprovações de que quem tem anticorpos está imune, o Estado de Nova York está conduzindo uma pesquisa com esse tipo de testes para determinar uma taxa de infecção. Os resultados preliminares da fase dois mostram que 14,9% da população possui anticorpos COVID-19.

  • Esse artigo do Gothamist mostra todos os locais que oferecem testes de anticorpos na cidade – há opções gratuitas inclusive.
  • Se seu teste for positivo, você pode ajudar outros pacientes doando seu plasma. Veja nesta página do FDA todas as instruções e locais para doar seu plasma.

Outras informações úteis

Uso de máscaras

  • O governador Cuomo emitiu ordens executivas 202.17 e 202.18 exigindo que todas as pessoas em Nova York usem máscaras ou cubram o rosto em público, inclusive ao usar transporte público ou privado ou em táxis e corridas de aplicativos. Ele inclusive assinou uma ordem executiva autorizando as empresas a negar a entrada de indivíduos que não usavam máscaras ou revestimentos faciais.
  • O uso de máscara é mandatório quando você não conseguir praticar distanciamento social (1.80 de distância, no mínimo). Isso inclui transporte público, lojas e calçadas lotadas.
  • Crianças com mais de 2 anos de idade também devem usar uma máscara facial em público. Crianças menores de 2 anos NÃO devem cobrir o rosto por razões de segurança.
  • As máscaras ou coberturas de pano devem ser feitas de material que você não consegue ver quando segurado contra a luz.

Aluguel

O governador estendeu a ordem executiva que proíbe despejo em caso de não pagamento do aluguel. A regra vale até 20 de agosto.

Aglomerações e encontros

Em ordem executiva assinada no dia 22 de maio, o governador afrouxou um pouco as restrições de coronavírus, permitindo reuniões de até 10 pessoas “por qualquer razão” em qualquer lugar do estado – incluindo a cidade Nova York – desde que os protocolos de distância social sejam seguidos.

Metrô

Não há serviço de metrô entre 1 e 5 da manhã. Trens e ônibus estão sendo desinfectados todos as noites.

E a minha viagem?

Quase todos os dias, eu recebo mensagens de pessoas com viagem marcada para Nova York em agosto, setembro, outubro… até mesmo para o ano que vem. A pergunta é sempre a mesma: você acha que as coisas estarão melhores até lá? A minha resposta é sempre a mesma: ninguém sabe. E, sendo super clara com vocês: um palpite não vale nada. Não é o meu palpite ou o de qualquer outra pessoa que vai definir o futuro da sua viagem. Vejam bem, nem o governador sabe. Ele é muito enfático quando fala que fatos são fatos e o que precisamos agora são de fatos, não de achismos ou opiniões. O que eu apresentei neste post são fatos. Quem acompanha as coletivas diárias do governador e a curva de contaminação vai perceber que, apesar de ter subido rápido, foi um longo caminho para fazer os números caírem. Portanto, a palavra de ordem aqui é cautela. Há uma preocupação muito grande em evitar uma segunda onda de contaminação.

Outro fator para ser levado em conta é que o presidente Donald Trump baniu pessoas vindas do Brasil para os EUA (salvo residentes permanentes e cidadãos) e não há data definida para o fim desse travel ban.

Deixando os fatos de lado e partindo para o meu ponto de vista, por mais triste e frustrante que seja, todo mundo precisa começar a aceitar que não é hora de fazer turismo – e não será tão cedo. É preciso levar em conta que NYC é uma cidade de grandes aglomerações – e isso faz parte da própria energia da cidade. Sem contar que atrações turísticas são locais de aglomerações. Mesmo que as coisas voltem ao normal, eu daria um tempo antes de pensar em embarcar numa viagem pra cá. Como criadora de conteúdo de turismo da cidade, o meu desejo é ver as pessoas aproveitando NYC na sua real essência por inteiro – e não pela metade.

Links úteis

Se você não me segue no Instagram, todos os dias faço a cobertura diária das coletivas do governador nos meus stories – @laura_peruchi.

Espero que esse post seja útil! Todas as informações foram retiradas do site oficial do governo do estado de NY.


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