O Diário de Viagem é uma seção que traz relatos de leitores do blog. Nesses relatos, eles contam como foi a viagem a Nova York, o que mais gostaram de fazer, o que não gostaram, dividem dicas, enfim: um diário mesmo. A convidado de hoje é a Derrie Manerich. Ele passou 35 dias, entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020. Para conferir mais relatos, clique aqui.
Minha viagem de 35 dias começou no meio de dezembro e eu sabia que não voltaria a mesma. Foram dias de aventuras, descobertas, muita história pra contar e experiências transformadoras. Cheguei em Nova York domingo e segunda já comecei o curso de inglês na Kaplan International que fica no Central Park. O bom de incluir um curso de inglês de meio período nas férias é conhecer gente do mundo inteiro e se permitir interagir nos mais diversos sotaques.
Resolvi fazer todo o processo pela agência de turismo, a CI Intercâmbio de Balneário Camboriu, em Santa Catarina, pois como tenho uma rotina de trabalho muito intensa talvez me faltasse tempo para planejar. Fiz com eles todo o processo de viagem, desde a assessoria para o visto, que tirei quase um ano antes, compra de passagens, curso, seguro viagem, acomodação e, claro, tive muitas dicas sobre o que fazer. No início, fiz cotação das passagens e hotel, apenas para turismo, mas, por fim, decidi acrescentar duas semanas de estudo geral de inglês no roteiro, já que o custo total da viagem quase não seria alterado e claro, poderia incluir um diploma na bagagem.
Conheci gente da Rússia, México, França, Espanha, Tunísia, Chile, Argentina, Coreia do Sul, Índia e claro, do Brasil inteiro e, por causa do curso, era obrigatória a comunicação em inglês.
Nesta primeira semana, fiz os pontos mais icônicos da cidade e, como era a semana antes do Natal, a decoração em todo lugar era muito aconchegante. Fiquei hospedada numa residência em Midtown, a New Yorker Residence, que fica na esquina da rua 34 e da oitava avenida, quase na frente do Madison Square Garden e na rua do Empire State Building. Como a escola de inglês era no início do Central Park, então ia ou voltava caminhando, cerca de 2 km, e cada dia por uma avenida diferente, para me aventurar mesmo.
Descobri muitos lugares nada óbvios e claro, fazia visitas diárias ao Rockefeller Center para ficar ouvindo as músicas natalinas e observando os que se arriscavam na pista de patinação no gelo enquanto eu me aquecia com um chocolate quente antes de voltar para a residência. Cada dia tomava café e jantava num lugar diferente, explorando sabores do mundo inteiro que a cidade oferece. Fui da culinária coreana à tailandesa, da italiana à japonesa, da chinesa à americana (claro!), para citar só algumas. Quase nunca almoçava por causa dos tamanhos gigantes das refeições – principalmente os cafés.
Passei por muitos perrengues e levei muita bronca por não estar acostumada com as regras do país (como descer do segundo andar do ônibus no sinal vermelho – só pode quando ele para no ponto; mudar de fila no museu para aquela que anda mais rápido – também fui advertida; e não andar devagar quando tem gelo no chão – caí no terceiro dia e fiquei com vários hematomas). E o que mais demorei para acostumar – aquele tom seco e direto dos americanos, que no fim levei na esportiva e tentei seguir tudo certinho, afinal, eu que estava de visita.
No último dia do ano em Nova York, fui com amigos que fiz no curso a um show de Blues no SoHo, o Terra Blues, e só queria fazer o tempo parar e ficar lá escutando aquelas vozes e instrumentos afinados.
Dia 21 embarquei de ônibus para Washington D.C. para ficar até o Natal. Fiquei encantada pelos museus, monumentos e parques. Escolhi ficar num hotel na região das embaixadas, perto de muitos restaurantes, supermercados, com muitos pontos de ônibus e metrô, o The Baron Hotel. No hotel também funciona um gastropub com apresentações diárias de stand up e eu sempre descia para assistir a uma apresentação, jantar e conversar com gente diferente e foi assim até o Natal. No dia 23, assisti a um professor universitário trazer como tema “The nightmare before Christmas”, falando sobre as lendas que envolvem o surgimento do Natal. E como aprendi.
Dia 25 embarquei na viagem mais longa. Foram 21 horas de Washington à Flórida de ônibus, onde fui passar a virada do ano com uma amiga que está lá morando. Fui aos parques da Universal, a uma festa de réveillon num complexo da Disney e assistir aos fogos foi lindo.
Dia 2 voltei a Nova York de avião (claro, precisava chegar a tempo) para retomar minhas aulas e intensificar a aventura. Desta segunda vez, me arrisquei a andar de bicicleta o Central Park todo – em uma hora. Cheguei super cansada mas com a certeza de ter visto uma paisagem única e deslumbrante dos cantinhos do Central Park no inverno de 0 grau.
Não queria perder nada, então nesta semana fui ao Metropolitan Museum, Memorial do 11 de Setembro, Guggenheim (que amei demais), Museu de História Natural, Ilha da Estátua da Liberdade e o mais encantador – o Empire State Building. No prédio mais famoso do mundo, fui presenteada com a neve caindo e não deu para não me emocionar.
As caminhadas se intensificaram pelo SoHo e toda a região de Lower Manhattan. Foram muitas horas por dia explorando Tribeca, Meatpacking e o Financial District, Hudson Yards, Chelsea (e claro, cada cantinho do Chelsea Market e do High Line), Chinatown, Little Italy, East Village e Nolita. Aproveitei também e me inscrevi num workshop gratuito de uma hora no escritório da Google, que fica na frente do Chelsea Market – vocês podem conferir o calendário e fazer inscrição no site.
Ainda nesta semana fui ao Sony Hall para um brunch ao som de arrepiar do Harlem Gospel Choir e a um restaurante e clube de jazz em Midtown onde até me arrisquei a ter uma aula de dança e a impressão que dá é que estamos nos transportando para décadas atrás. Desde a chegada no restaurante, onde eles guardam nossos casacos, até a iluminação avermelhada, nada lembra que estamos no século XXI.
Fui ao Brooklyn para ver o Empire State Building se encaixar num dos arcos da Manhattan Bridge e fiz a longa caminhada por ela num dia de céu azul lindo e frio.
Algumas festas inesperadas também surgiram, em lugares lindos e que não são descobertos facilmente por turistas. Duas delas em ball rooms de hotéis que eu jamais desconfiaria terem salões tão grandes, lindos e com música boa – inclusive DJs – (o The Seville e o The Jane Hotel) e uma outra num lugar que nem placa tinha e parecia um lugar abandonado (o Backroom). Viva o Google Maps! Este último com cara de clube secreto, com pessoas de chapéu e onde serviam drinks em xícaras de chá. Super aconchegante com poltronas vermelhas enormes e quadros maiores ainda nas paredes.
Como comecei a me programar com quase um ano de antecedência, estipulei uma média de gastos diários ($50) entre transporte, alimentação e alguns gastos extras que surgissem. Quando estive na residência, tinha a possibilidade de usar a cozinha (onde tomava café da manhã alguns dias), além de ter frigobar no quarto, que sempre me possibilitava ter uma fruta ou um iogurte que comprava na CVS, Target ou alguma feirinha no caminho, diminuindo assim meus gastos com refeições. Antes da viagem, já estava com o curso, residência, passagens, hotéis e algumas entradas pagas – Universal em Orlando, Empire State, Museu do 11 de setembro, Metropolitan, Museu de história Natural, Guggenheim e ida à ilha da estátua da liberdade e Ellis Island. Não estavam incluídas neste valor as compras que fiz por lá de roupas (principalmente de frio), itens de farmácia e muitos cremes da Victoria’s Secret.
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Vi por poucos períodos a neve cair, mas ela resolveu vir com tudo no dia da minha volta ao Brasil. Confesso que foi o atraso que menos me importei e na verdade eu já estava querendo sair do aeroporto e aproveitar mais uns dias na cidade que nunca dorme.
O transporte público é a melhor maneira de se locomover. Raramente alguma linha atrasa ou uma estação está fechada, mas sempre colocam avisos explicando os motivos. Inclusive fui de Airtrain e metrô dos aeroportos à residência. Demorou um pouco para me localizar geograficamente e escolher os melhores trajetos, mas depois que acostumei foi bem tranquilo.
Fiz tanta coisa e sinto que ainda há tanto ainda por explorar.
Eu assisti muitos vídeos e li muita coisa sobre Nova York aqui no blog, inclusive dicas para me vestir no inverno e o que levar na viagem, mas confesso que não fiz um roteiro muito intenso. Criei uma lista do que queria muito ver e, como em grande parte dos meus dias eu estava sozinha, me programava de acordo com o meu tempo, temperatura e principalmente vontade. Em nenhum momento me maltratei e fiquei em lugares que não estavam legais só “porque tinha que ir”. Também aproveitava os caminhos que me levavam aos lugares mais turísticos e fazia paradas quando algo me interessava – foi assim que acompanhei um protesto em Tribeca e a inúmeras apresentações musicais nas estações de metrô de gente cheia de talento para emocionar. Conheci muitas pessoas que também tinham se aventurado como eu, pedi dicas, fiz vários passeios decorrentes de convites de última hora de gente que estava em Nova York para estudar inglês, também sugeri muitos lugares e me permiti fugir da minha lista.Certamente muitos lugares ficaram fora do meu relato, mas seguem vivos na memória e na vontade de serem revisitados.
Quando viajamos sozinhos e dispostos ao autoconhecimento, nos permitimos sermos os melhores companheiros de viagem que poderíamos ser e nos aventuramos de maneira que certamente não faríamos se estivéssemos com alguém. Falamos com pessoas e engatamos conversas que não existiriam se estivéssemos acompanhados (por quem quer que seja!).
Nos permitimos pedir para um desconhecido fazer uma foto sua e logo surge uma pergunta engraçada sobre o lugar fotografado ou sentamos em um restaurante ou bar e de tanto conversar com o atendente, ganhamos dicas valiosas do que fazer de diferente no dia seguinte. Mais do que uma experiência única, viajar sozinha por mais de um mês nos Estados Unidos, a maior parte dos dias em Nova York, foi transformador. Espero voltar muito em breve para explorar mais e mais.
Se você quiser participar, envie seu relato para análise para laura@lauraperuchi.com COM FOTOS, seu nome completo e cidade/estado. LEMBRE-SE que é preciso ser detalhista. Não precisa escrever um livro, mas seu relato tem que ser informativo!
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Laura Peruchi é jornalista, autora e empreendedora. Mora em Nova York com seu marido desde 2014, e, desde então, divide em seu blog um conteúdo variado sobre a Big Apple. Com dicas de turismo, compras, restaurantes e muito mais, sua plataforma online tornou-se referência em conteúdo em português para quem está planejando uma viagem a Nova York. Acompanhe Laura também no Instagram, Youtube, Facebook e Spotify.