Blog da Laura Peruchi – Tudo sobre Nova York
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Meu primeiro Natal em Nova York

Natal é uma das datas mais importantes pra mim – pra não dizer a mais importante. Já dei mais importância pro meu aniversário – hoje, não faço mais alarde (por que será? rsrs). Nunca fui apaixonada por Páscoa – as únicas lembranças legais vêm do tempo de infância, quando minha mãe fazia os ovos de chocolate em casa e nossa diversão era ajudá-la. Também lembro com carinho de minha tia de Itajaí trazendo ovos pra todos os sobrinhos e escondendo-os no sítio da minha avó. Já o ano novo, sinceramente, nunca teve muita graça – ok, os fogos são lindos e tal, gosto do clima de renovação e do empurrão que sentimos para começar algo novo. Mas nada, nada faz meus olhos brilharem e meu coração bater mais forte como o Natal.
Acreditei em Papai Noel por muito tempo e lembro-me da emoção quando a campainha tocava e a gente sabia que era ele. Meus pais sempre encontravam alguém para fazer o papel do bom velhinho – uma vez uma vizinha se fantasiou, mas não deu muito certo – adivinhamos que era ela assim que abrimos a porta e ela surgiu na nossa frente, com a barba caindo. Na minha cidade, de interiorrrrrr, era comum passarem carros ou até mesmo caminhões de pequeno porte tocando músicas de Natal com um Papai Noel distribuindo balas pelas ruas. Sempre me encantei com a decoração – especialmente pelas luzes. Amava ir à missa do dia 24 só pra prestigiar a encenação do nascimento de Jesus – adorava quando colocavam o som do choro do bebê recém-nascido. Curiosamente, enquanto escrevia esse texto, minha irmã me mandou uma foto de nós duas, pequeninas, vestidas de anjinho, e eu lembrei que a gente participava de alguma encenação na noite de Natal também, devidamente caracterizadas (huhuhu).
Uma das atividades natalinas que eu mais gostava de fazer era arrumar a árvore. Até minha mãe comprar uma artificial – verde e clássica – ela tomava o cuidado de escolher galhos secos que viravam uma linda árvore. Natal sem árvore não é Natal. Por isso, depois que ficou decidido que passaríamos a data aqui em Nova York não perdi tempo e logo providenciei nossa árvore. Maior que eu, com bolas douradas e vermelhas, além de luzes. Faltaram os laços, que minha mãe sugeriu para dar um toque especial à decoração. Vai ficar pro próximo, acabei esquecendo. Mesmo assim, ela está linda. Confesso que adoro ligar as luzes e deixar a imagem me fazer ter aquela certeza de que amo essa época do ano.
Obviamente, a parte dos presentes sempre foi muito interessante. Até porque o Natal significava presentes bons, aqueles que desejamos o ano inteiro, além de outros presentes que vinham das madrinhas e afins. Adorava – e quem não curte um presente, né? O tempo foi passando e os presentes foram diminuindo, relativamente. Mas essa fase foi dando lugar à outra: a fase em que eu conquistei independência financeira e podia, finalmente, presentear as pessoas importantes na minha vida. Que bom! Escolhia tudo com antecedência, adorava embrulhar e, o mais recompensador: ver o brilho nos olhos de quem abria os presentes. Isso não tem preço! E virava criança na hora de colocar todos os pacotinhos debaixo da árvore – minha mãe sabe que curto tanto esse momento que ontem ela e a minha irmã até gravaram um pedacinho do “ritual” pra mim. É o sinal de que o dia está mais e mais próximo! Dia não, noite, porque a parte mais especial sempre acontece na noite do dia 24, claro. A ansiedade tomava conta! Dia 25 significava almoço em família, com mesa farta de pratos especiais – sem contar as sobremesas e a torta de 4 leites que minha vó encomendou por vários anos – manda um pedaço, vó!
Ora, talvez alguns de vocês podem exalar meu sentimento consumista/capitalista, mas não. Por trás de tudo isso, tem simplesmente a aura mágica da data. O lance de estar perto de quem você ama, dos sorrisos, do brilho no olhar, do sentimento de querer o bem e fazer o bem. Obviamente que a humanidade poderia repetir isso o ano todo – quem sabe um dia a gente aprende – mas não vou deixar de gostar da época, até porque, sinceramente, eu tento fazer a minha parte o ano todo e não, não sou perfeita.
Por fim, cá estou, no Natal de 2014, o primeiro que vai ser diferente, longe da família pela primeira vez – mas eu tentei fazer dele especial da maneira que estava ao meu alcance. Mesmo de longe, meus presentes vão chegar, dividi a decoração da nossa árvore, conversei sobre o cardápio da ceia com minha mãe. E fiz com que nosso lar aqui entrasse devidamente no clima. Nossa noite será com amigos bacanas que a vida colocou no nosso caminho e o Skype funcionará a nosso favor.  Não vai ser a mesma coisa, mas também depende da gente fazer com que esse dia – e todos os outros – sejam válidos e marcantes. Obviamente, queria estar lá. Mas, o que importa de verdade, são os laços que nos unem, e que ultrapassam todas as fronteiras físicas. Fico feliz que eu esteja bem e eles também. Mesmo com a saudade, essa data vai continuar sendo especial se eu for capaz de fazê-la ser assim. E será. 
Feliz Natal!