by : Laura Peruchi
Começo esse post já com um título fazendo essa pergunta de cara – já que este questionamento tomou conta dos meus pensamentos durante boa parte dos últimos dias. Eu já dividi aqui no blog como foi o processo de mudança para Nova York – o tanto de coisas que deixei pra trás e como tudo isso mudou minha visão de mundo e me tornou, sim, uma pessoa melhor, acredito eu. A culpa de eu estar escrevendo sobre isso de novo vem de parte de alguns acontecimentos recentes. No fim de tudo vocês podem até achar muito “drama” por pouco ou tal, mas não importa a origem do questionamento, mas, sim, o que você vai fazer com essa reflexão.
Bom, pra começo de conversa, já falei aqui do processo de aluguel do nosso apartamento – e inclusive mostrei ele num vídeo (o mais acessado do canal! wow!). Pra resumir os fatos, duas coisas caracterizam bem os apartamentos aqui em Nova York: 1. você paga caro; 2. os espaços são minúsculos. Não vou entrar na questão de valores, mas tenham essas ideias em mente. Eu gosto muito do nosso cantinho, ele atende às nossas necessidades e tudo mais, mas, obviamente, gostaríamos de mais espaço. Um segundo quarto seria perfeito. Daí surgiu um lugar incrível, dos sonhos, espaçoso, bem localizado e com preço bom. O mais bacana de tudo é que nossa papelada foi aprovada – burocracia não é exclusividade brasileira. Ficamos super empolgados e felizes – eu já estava fazendo mil planos de como decoraria o lugar e como seria nossa vida na casinha nova. Daí vieram as condições de pagamento: aqui, é necessário fazer um depósito de segurança ao alugar um imóvel e você obtém essa grana de volta apenas quando sair do local – o que pode levar anos, certo? Ou seja, é um dinheiro que fica trancado, com o qual não dá para contar. No caso deste apartamento, o solicitado para esse depósito foi o equivalente ao valor de 3 alugueis + o valor de 1 aluguel adiantado. Muita grana. Muita grana mesmo.
E aí eu acho que as coisas acontecem na hora que têm que acontecer sabe? Fomos passar o fim de semana na Philadelphia – nossa primeira viagem pra fora de Nova York. Foi curta, eu sei, mas levou o tempo suficiente para fazer a gente se sentir bem, desligar da rotina, curtir… Na segunda, um dia antes de termos que bater o martelo sobre esse apartamento “dos sonhos”, chegou uma carta da nossa imobiliária (“landlord”) falando da renovação do contrato do nosso apartamento atual. Preço para renovação do contrato por mais um ano: $50 doletas. E podem me chamar de estúpida, mas eu acho que essas coisas foram um sinal, sabe? Um sinal de que deveríamos refletir melhor se deveríamos mesmo pagar um preço tão alto para abrir mão de outras coisas que tanto gostamos.
Mais espaço e mais conforto são muito convenientes. Mas do que adiantaria tudo isso se não pudéssemos fazer o que curtimos? Se teríamos que adiar as viagens que tanto queremos fazer? Passei dois dias super pensativa e refletindo sobre tudo isso… sobre o que realmente importa na vida. Não tive um dia bom, fiquei melancólica e pra baixo – e nem sei direito o motivo – mas aproveitei o episódio para pensar e muito sobre tudo isso. A vida é feita de escolhas, claro, e acredito que o saldo mais positivo dela refere-se às experiências. Quantas experiências teríamos que adiar por optar por ter mais espaço – por ter mais material? Conversando com uma amiga, ela disse algo que é certo: a gente muitas vezes acha que tudo na vida é outro: seja outra casa ou outro celular ou outro trabalho. E algo novo não significa algo perfeito. A empolgação pode muitas vezes nos deixar um tanto cegos, sem saber avaliar racionalmente todos os prós e contras. No nosso caso, percebemos isso. Quem sabe ao invés de sair daqui, damos um jeito de melhorar o aproveitamento de espaço? Ou então, procuramos outra coisa dentro do budget e que não envolva um gasto tão alto de dinheiro de entrada? Estou lendo o Diário de Anne Frank na aula de inglês e a parte que mais me chamou atenção até agora foi quando ela escolheu levar seu diário, cadernos e livros para o esconderijo – porque, para ela, memórias são mais importantes que vestidos. Talvez alguns de nós aprendam essa lição tão simples sobre a vida. Talvez muitos viverão sem saber o que isso quer dizer. Enfim, tenho escolhido acumular memórias e experiências. E você?
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Laura Peruchi é jornalista, autora e empreendedora. Mora em Nova York com seu marido desde 2014, e, desde então, divide em seu blog um conteúdo variado sobre a Big Apple. Com dicas de turismo, compras, restaurantes e muito mais, sua plataforma online tornou-se referência em conteúdo em português para quem está planejando uma viagem a Nova York. Acompanhe Laura também no Instagram, Youtube, Facebook e Spotify.
Eh! A vida aqui faz a gente ver as coisas num outro angulo, dar valor pra outros tipos de coisas, e sim, experiencias sao coisas que levamos para alem da vida….
Em poucos blogs tenho paciência pra ler textos longos, e sempre gosto dos seus! A pergunta é muito pertinente. Depois de passar vários anos presa num relacionamento que só me trouxe gastos emocionais e financeiros, quando acabou descobri o tanto de lugares que não visitei, o tanto de experiencias que não vivi, o quão ser tao materialista me fez uma pessoa pequena. E ai veio a tão sonhada viagem a NY em 2014, e ao contrario do que todos pensavam e até eu mesma, não tive paciência de perder dias pelos corredores da Macy`s, ou gastar todo o meu dinheiro pra trazer malas cheias. O que ficou da minha experiencia, foi a vontade de correr atras do tempo perdido, de respirar outros ares, de ver pessoas, culturas, comidas diferentes da minha, ficou a sensação maravilhosa de me ver um sonho realizado, foi quando eu realmente entendi, só fica o que vivemos, o que passamos, todo o resto são condições momentâneas, que podemos aproveitar da melhor maneira, mas sempre mantendo a cabeça aberta pras coisas maiores que temos na vida.
Feliz duas vezes. Primeiro pq meu blog faz vc parar pra ler meus textos e segundo por saber que vc aprendeu essa lição tão valiosa! =)
Tô muito orgulhosa, baby girl. Por vários, vários motivos, mas principalmente por te perceber tão madura e serena. E o texto é uma lição, sabe? Serviu pra mim, serve pra todo mundo. Muito bacana. <3
Laura, amei seu texto!! Me fez parar pra pensar em várias coisas… Principalmente na fase que estou passando (acabei o colégio, não sei muito bem se estou fazendo a escolha certa sobre minha faculdade, to cheia de dúvidas e insegurança sobre o futuro….). Enfim, achei muito legal e compartilhei no meu blog no primeiro "links da semana" que fiz! Escreva mais textos assim, eu adoro (e tenho certeza que seus leitores também!!). Beijocas 🙂
http://www.blogdabarbara.com
Também fico com as experiências Laura, quanto ao material, somente o necessário, pois tudo fica velho e precisa ser trocado, mas as experiências e lembranças nunca ficam..