Em janeiro, vou completar três anos morando em Nova York. Rapidamente, o primeiro pensamento que vem à cabeça é: o tempo passou rápido demais. Mas, analisando bem, a gente só tem essa sensação de que o tempo está passando rápido quando estamos aproveitando a vida, certo? Eu acho que eu aproveito muito a minha vida aqui. Tenho a minha rotina, obviamente, tenho a rotina com o meu marido, mas também tento sempre fazer algo novo. Isso também acontece por conta do blog – acho que se não fosse por conta desse meu espaço, eu não teria feito metade das coisas que fiz aqui em Nova York. E além de ter feito e fazer tantas coisas, eu também mudei. A gente está sempre mudando e hoje eu consigo enxergar quantas coisas mudaram na minha personalidade e na minha concepção de mundo.
Por isso, hoje eu decidi compartilhar 7 coisas que Nova York me ensinou. Escolhi esse título porque essas mudanças aconteceram aqui. Eu teria mudado assim se ainda estivesse morando no Brasil? Talvez. Mas como eu moro aqui, nunca vou ter a resposta para essa pergunta né? Então, vamos admitir que Nova York, de alguma forma, acabou ensinando essas coisas para mim. Ah, e também, claro, a terapia que comecei há um ano.
1. Colocar a boca no trombone – eu posso dizer que tenho uma personalidade interessante. Na escola, eu fui o tipo de aluna que se candidatava a líder de classe e queria mudar o mundo. Por conta disso, sofri bastante, voltei inúmeras vezes chorando pra casa. Já na faculdade, eu passei longe de comissão de formatura e conselho acadêmico. Mas era a rainha da reclamação para telemarketing. Quando a companhia telefônica mandava uma cobrança indevida, meu pai esperava eu visitá-los para que eu ligasse e resolvesse. Porém, aqui em Nova York, aprendi outras coisas. Presenciei pedestres reclamando com motoristas que não paravam no sinal ou que paravam em cima da faixa de pedestres; presenciei passageiros no ônibus reclamando para aquele que entrou pela porta traseira sem passar o cartão na catraca. O novaiorquino parece muito na dele, mas não tolera essas pequenas injustiças do dia a dia. Já chamei atenção de gente que não estava na fila correta do guichê do metrô, já me indignei pro motorista que converteu a direita sem se preocupar se tinha alguém atravessando na faixa, já reclamei do descaso da administração do antigo prédio quando roubaram todas as encomendas que estavam no hall. No fundo, se a gente testemunha alguma injustiça, por que não podemos abrir a boca e apontar o que está errado?
2. Dizer não – já perdi as contas de quantas vezes eu fiz algo só para agradar o outro ou, traduzindo, quantas vezes eu disse “sim” quando queria dizer “não”. Desde ir naquela festa que eu não estava a fim até aceitar algum trabalho que eu não queria, simplesmente por medo. Medo de desapontar, medo do que a outra pessoa ia pensar. Engraçado é que eu pensava em todo mundo, menos em mim né? A verdade é que a vida é muito curta para dizer “sim” quando você quer dizer “não”. E a vida é muito curta para você colocar o outro em primeiro lugar e esquecer de você mesma. Veja bem, não estou falando para não se colocar no lugar do outro. Mas, tem horas que a gente precisa estabelecer prioridades. Aqui em Nova York, eu tenho focado cada vez mais em mim. Muitas coisas apareceram nesse tempo morando aqui: propostas, convites, etc… Não tem como dizer “sim” para tudo. Hoje, na maioria das vezes (porque esse jogo de dizer “não” não é fácil), eu digo sim quando eu quero dizer sim.
3. Usar a roupa que eu quiser – no Brasil existia sempre aquela preocupação do look que eu iria usar. Mas era aquela preocupação com os outros. Uma das coisas que eu mais odeio até hoje – e infelizmente eu noto isso sempre que vou ao Brasil – é aquele olhar raio-X, que te analisa da cabeça aos pés. Como eu fui insegura por muito tempo, o fato de saber que as pessoas estariam me analisando sempre me incomodava – e fazia com que eu pensasse muito sobre o que eu iria vestir. Aqui em Nova York, eu percebo que as pessoas são muito livres para usar o que elas quiserem. Fora que eu não me sinto na obrigação de estar “montada” para ir ao cinema ou dar uma volta no bairro. Sou muito mais relax – e também me sinto à vontade para experimentar qualquer coisa, de roupa a corte de cabelo. Também não sinto vergonha de fazer uma dancinha se tiver tocando uma música que me faz feliz. E não deixo de elogiar o cabelo, a unha ou a roupa de alguma menina que eu vejo na rua.
4. Ser mais engajada – Nova York é uma cidade muito rica em diversidade. Aqui, há pessoas do mundo todo, com as mais diversas crenças, cores e opções sexuais. Definitivamente, aqui não é o lugar para se ter preconceito. E a gente cresce com tantos preconceitos, né? Principalmente falando em machismo. Quantas de nós já rotularam outras mulheres – piranha, putinha, fácil? Quantas de nós já julgamos o comprimento da saia da outra? Quantas de nós culpamos apenas a amante num caso de traição? Quantas de nós falamos que a “fulana tava pedindo”? Se tem uma coisa que eu me monitoro muito hoje é a respeito desse julgamento feio que a gente aprende desde cedo. Graças a grupos maravilhosos na internet, eu aprendi muita coisa sobre empoderamento feminino. Num grupo de leitura do qual participei aqui em Nova York, defendi várias vezes o quanto nós mulheres podemos e muito. Não tive receio de expor minha opinião quando vi mulheres julgando outras. Já falei palavrões para engraçadinhos no metrô e na rua que acham que podem mexer com você só pelo fato de você ser mulher. E também não suporto outros tipos de preconceito. Acho lindo ver os casais homossexuais tendo liberdade para andar nas ruas da cidade de mãos dadas. E acho triste perceber como o racismo ainda é forte – não só aqui nos EUA mas também no Brasil.
5. Aprender a se reinventar – profissionalmente falando, acho que esse é um conselho que vale para todo mundo, em todas as profissões. Eu me formei em Jornalismo – e entrei na faculdade achando que ia trabalhar em televisão. Foi na faculdade que eu tive uma ideia melhor do mercado – saturado – e conheci o campo de assessoria de imprensa, no qual atuei por muitos anos. Aí, vieram as mídias sociais. Fui atrás, fiz pós graduação na área. No meio disso tudo, comecei o blog, falando de moda e beleza. O blog me trouxe meu primeiro cliente de mídias sociais, uma marca de roupa. Consegui tantos clientes que larguei o emprego fixo e comecei a trabalhar home office. Daí, veio a mudança para Nova York. E, se antes eu fui me adaptando às mudanças no mercado de comunicação, aqui em Nova York eu fui aprendendo a me reinventar de outras maneiras. Cheguei aqui ainda atendendo alguns clientes – mas já planejei no Brasil o que eu poderia fazer de novo aqui. Comecei a escrever sobre a cidade, fui estudar pesquisa de tendências e cheguei a fazer alguns trabalhos na área. Depois, criei um serviço de Personal Beauty Shopper – que virou um e-book lançado ano passado. Hoje, tenho um projeto novo em andamento, estou escrevendo um novo e-book, escrevo o blog, faço vídeos para o canal, pego alguns trabalhos avulsos… No nosso caso, o meu marido veio contratado por uma empresa americana e eu embarquei na aventura com ele, deixando pra trás uma carreira e tendo que buscar novas oportunidades aqui.
6. Ter em mente que a língua inglesa é um aprendizado eterno – eu amo inglês desde que me entendo por gente. Eu estudei a vida inteira em colégio público, nunca frequentei escola de inglês. Gostava de pegar a letra das minhas músicas preferidas – naquela época, encontradas somente no encarte dos CDs originais – e traduzia. Só decidi procurar uma escola depois da faculdade – eu me pergunto até hoje porque não procurei antes – e já caí quase no nível intermediário, de cara, fato do qual me orgulho muito. Um dos meus sonhos era falar inglês fluentemente. Hoje, morando aqui, acho que atingi esse objetivo de alguma maneira. Mas como o ser humano nunca está contente, obviamente eu tenho outras metas – principalmente reduzir o sotaque. Morando aqui, a gente se dá conta de como sabe pouco. Por mais que eu me vire, que eu consiga assistir televisão e me comunicar bem, o inglês não é a minha primeira língua. E ter isso em mente, de alguma forma, ajuda você a se manter sempre em busca do conhecimento e do aprimoramento.
7. Aproveitar o tempo e viver intensamente – se tem uma coisa que os novaiorquinos fazem muito bem é aproveitar o tempo. Time is money! Já falei inúmeras vezes aqui no blog sobre o hábito de leitura das pessoas dentro do metrô, por exemplo. Confesso que não sigo esse costume à risca, mas várias vezes já usei o tempo no metrô para anotações importantes, para escrever ideias e até mesmo esboçar posts. Além disso, eu sempre planejo uma atividade diferente para o fim de semana. Seja um bairro que ainda não conhecemos, um parque que ainda não visitamos, uma loja que ainda não conferi… Essa cidade é tão incrível que é um desperdício ficar em casa. Nem restaurantes a gente gosta de repetir. Nova York me ensinou – e me permite – viver intensamente, porque é impossível sentir-se entediada nesse lugar!
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Laura Peruchi é jornalista, autora e empreendedora. Mora em Nova York com seu marido desde 2014, e, desde então, divide em seu blog um conteúdo variado sobre a Big Apple. Com dicas de turismo, compras, restaurantes e muito mais, sua plataforma online tornou-se referência em conteúdo em português para quem está planejando uma viagem a Nova York. Acompanhe Laura também no Instagram, Youtube, Facebook e Spotify.
Só amor por você! <3 <3 <3