Blog da Laura Peruchi – Tudo sobre Nova York
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7 coisas que eu escuto quando digo que moro em Nova York

Hoje em dia, quase toda circunstância da vida tem um estereótipo ou aquelas perguntas clássicas ou constatações generalizadas (ou poderíamos dizer chatas? Inconvenientes?). É só lembrar de quando você tinha 16 anos e as pessoas perguntavam: e os namoradinhos? Aí, você arranja um namorado e vem a cobrança por casamento. Depois, crescem as perguntas sobre filhos. E não quero nem pensar no que é ser uma grávida de primeira viagem e escutar tanta gente dando pitaco e fazendo análises. Bom, quem mora fora vai concordar comigo que também existem as constatações e perguntas clássicas. Nestes dois anos morando em Nova York, já contabilizei algumas que são recorrentes…

Nossa, você mora em Nova York! Que chique! Que sonho!

Eu sempre digo: acho que uma grande parte das pessoas fantasia muito sobre a vida no exterior, como se tudo fosse sinônimo de glamour e zero problemas. Não é verdade. Talvez isso aconteça por conta daquela velha síndrome de que a grama do vizinho é sempre mais verde. Chique? Depende do seu conceito de chique. Se para você viver bem é morar numa mansão e ter o carro do ano, morar em Nova York não será nada chique se você não tiver muuuito dinheiro. A maior parte das pessoas mora em apartamentos pequenos e andam de metrô – e eu, particularmente, acho o máximo não precisar de carro. Todo mundo tem contas para pagar, tem rotina para seguir e trabalho para manter – tudo sem empregada doméstica, viu? O metrô também atrasa, não há um sistema de saúde público que atenda satisfatoriamente, tampouco faculdades de graça. Para mim, as vantagens em morar fora estão bem longe de status ou dinheiro. Lembre-se: estar de férias e ser turista em uma cidade é diferente de viver a sua rotina como morador.

Nossa, que sorte morar em Nova York!

Hummm, sorte? Não gosto desse conceito. Sou do time que acredita que nada na vida é por acaso, mas também sou do time que acha que não dá pra contar só com a sorte. Já falei em outras oportunidades – e vídeos também – que eu e o Thiago não acordamos um dia e decidimos ir embora do Brasil. Foi uma decisão conjunta que foi amadurecendo junto com a gente – e levou alguns anos para se concretizar. Nunca quisemos sair do Brasil por estarmos cansados ou para enriquecer. Apenas desejávamos muito ter essa experiência de morar fora. Não foi sorte que fez ele conseguir um emprego na área em Nova York – ele precisou provar que tinha competência para a função. Contei aqui nossa história.

Nossa, mas você consegue ir e vir a toda hora? 

Muita gente já fez esse tipo de pergunta para mim e muita gente também já me perguntou na lata se eu estou ilegal nos Estados Unidos. Uma coisa que me disseram sobre isso uma vez é que perguntar o estado imigratório de alguém é a mesma coisa que perguntar o salário. Whatever, não tenho problema em dizer que não, não estou ilegal: Thiago conseguiu um emprego – logo, tem um visto de trabalho. Não condeno quem busca outras formas de morar nos Estados Unidos, mas, particularmente, não é o que eu faria.

Vocês vão ficar nos Estados Unidos para sempre?

E agora? A verdade é que a gente não sabe nem se a gente vai acordar vivo amanhã, quem dirá responder a uma pergunta tão intensa como essa. “Para sempre” é muito tempo e, por mais que hoje eu diga que não quero ir embora de Nova York tão cedo, a gente nunca sabe o que a vida vai nos reservar. Hoje a gente não quer voltar para o Brasil – amanhã eu não sei. É muito relativo.

Você deve enlouquecer com tantas coisas para comprar, né? 

Entendo esse pensamento porque, antes de morar em Nova York, fui turista na cidade – e em outras também. E acontece de fazer  a louca das compras. Mas a verdade é que morar fora provocou algumas mudanças em minha cabeça. Primeiro, porque tive que desapegar de muita coisa, de uma vida toda, e resumir tudo em duas malas de 32 kg – já contei num post aqui. Segundo: não dá pra viver acumulando muita coisa quando espaço não é algo que predomina no seu apartamento. Você faz escolhas, aprende a ponderar. Outra coisa é que as lojas e os produtos não vão sumir amanhã. Quando, e se eu precisar de algo, vou lá e compro. Eu gosto de roupas novas, amo cosméticos, adoro que posso encontrar tudo o que quero em qualquer lugar na cidade – ou na Amazon. Mas eu não preciso bancar a desesperada, simples.

Quanto custa um iPhone? Você pode trazer um para mim?

Essa é clássica: pelo fato de você morar nos EUA, todo mundo acha que você sabe o preço de tudo. Na realidade, você não precisa morar em uma cidade americana para saber quanto custa um iPhone – o Google tá aí pra isso, gente. Eu nem vou reclamar muito dessa parte, porque tenho um blog e me proponho a ajudar as pessoas com algumas coisas – mas a verdade é que há alguns itens que são tão óbvios, né (como o caso do iPhone, é só acessar o site da Apple). E quanto às encomendas, vixi, aí toca em outro ponto bem chato também. Lembre-se, antes de falar que “não custa nada trazer”, que custa sim: custa tempo e vontade, e às vezes a pessoas simplesmente não está a fim – e ela não tem obrigação de fazer isso por você. O que me espanta é que amigos e família são cheio de dedos e ponderados para pedir as coisas para você, mas aquele conhecido com o qual não falo desde 1997 se acha no direito de pedir uma guitarra (sim, isso já aconteceu).

Você prefere morar nos Estados Unidos ou no Brasil?

Por mais problemas que o Brasil tenha e por mais que eu goste de morar em Nova York, nenhum lugar é perfeito. Sou apaixonada pela cidade – acho que já deu para perceber né? – por sua intensidade, por sua variedade cultural, por suas oportunidades e tudo que eu não canso de falar sempre por aqui. Mas é no Brasil que está minha família, foi no Brasil que vivi grande parte da minha vida até hoje. E Nova York não é perfeita. A gente vive bem, obrigada, não posso reclamar, mas isso não quer dizer que seja perfeito. Somos imigrantes, temos a barreira da língua, não temos a família por perto. Prefiro várias coisas em Nova York, mas também amo várias coisas do Brasil. E quem disse que sou obrigada a escolher, né?

Alguém que mora fora se identifica?


6 Comentários

  1. Se me identifico? Muuuuito!!!! Principalmente cm a “vc prefere Brasil ou…?” Como vc vai responder uma pergunta dessa? É uma resposta muito ampla e, certamente que a pessoa que perguntou não quer ouvir…
    😉

  2. Eu,moro in NEWYORK,a 17 ANOS,MAS EU VIM PRA CA POR CAUSA DA POLITICA BRAZILEIRA ONDE SO TEM LADROES E SAFADEZA

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