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5 efeitos colaterais de morar no exterior

Gosto muito de ler e escrever reflexões sobre momentos pelos quais estou passando. Agora, é sobre morar fora. Vocês sabem que, de vez em quando, divido meus devaneios por aqui – só clicar em crônicas pra ler algumas. E, vez ou outra, compartilho outras que acho interessantes lá na Fan Page do blog. Mas a reflexão de hoje me tocou tanto, tanto, tanto… que achei injusto não dividí-la aqui com vocês.
Ela foi escrita pela alemã Manon de Heus. No texto 5 Depressing Side Effects No One Tells You About Moving Abroad, ela fala sobre o lado real – e por vezes bem doloroso – de morar fora. Quem fez o favor lindo de traduzir isso pra gente foi a Vitoria Schilling, gaúcha, que mora nos EUA também. Li o texto lá no blog dela – onde ela também divide posts bacanas sobre a rotina de viver longe. Peço licença, Vicky, para publicar o texto aqui. Assim como aconteceu com ela, também me identifiquei com vários pontos descritos…

1. As pessoas que você ama ficarão devastadas

Não importa o quanto você tente amenizar o sentimento – se mudar para o exterior é, essencialmente, uma decisão egoísta. É ótimo que você esteja vivendo seu sonho e escolhendo a vida que (acha que) quer, mas no fim das contas, não está fazendo isso pela felicidade de ninguém além de você mesmo. Se você é abençoado com uma família e amigos maravilhosos, eles vão fazer o possível para esconder seus sentimentos reais de você. Eles não querem ser um fardo com suas dúvidas, medos e seus pensamentos de “mas o que é isso que você está fazendo?!”. Eles vão dizer “se você está feliz, estamos felizes também!”.

Meus pais fizeram um trabalho impressionante. A primeira vez que fui para o exterior, estava convencida de que a minha aventura era tão empolgante para eles como ela era para mim. Eu estava tão ocupada com “eu, eu e eu” que fiquei alheia à dor deles. Naquele dia no aeroporto, vi nos olhos dos meus pais uma tristeza que nunca tinha visto antes. Quando, depois da nossa despedida, virei para trás mais uma vez, eles pareciam frágeis, perdidos e 10 anos mais velhos. Minha aventura era a sua miséria.

2. Você vai se sentir culpado o tempo todo

Dois meses depois de eu me mudar para Los Angeles, uma grande amiga minha recebeu um diagnóstico devastador de câncer. Eu tentei estar lá para ela no telefone e por e-mail, mas eu sabia que o que ela realmente precisava era de um abraço e meu ombro para chorar. Quando minha avó de 80 anos caiu das escadas e me ligou do hospital, triste e solitária, ela perguntou “Quando você vem me visitar, querida?”. Eu não estava lá para os baixos, e não estava lá para os altos. Nos últimos anos, perdi as despedidas de solteiro das minhas amigas, aniversários, chás de fraldas e casamentos. São eventos que sempre achei que não me fariam falta. Até eu ser apresentada ao silêncio curto mas doloroso que seguia todos os meus anúncios de “Desculpa, mas não vou poder ir”.

Quando você se muda para o outro lado do mundo, tempo e restrições financeiras vão inevitavelmente determinar as escolhas sociais que você faz. Ir ao casamento de uma amiga pode fazer com que você não possa ir ao aniversário de 60 anos do seu pai ou à formatura da sua irmã. Como você escolhe? Como você justifica as escolhas que faz? Mesmo que eu saiba que é a minha vida e que eu possa escolher como vivê-la, morar no exterior me fez sentir uma filha/neta/amiga horrível muitas vezes.

3. Você vai se sentir muito, muito sozinho.

Eu sempre tive sorte de ser cercada por muitas pessoas maravilhosas. Quando me mudei para um outro país, nunca tive dificuldades para encontrar pessoas com quem passar o tempo e conhecer minha nova cidade. Entretanto, mesmo que eu nunca estivesse realmente sozinha, eu passei por uma sensação profunda de solidão que eu não conhecia antes. Nunca vou esquecer meu primeiro Natal americano, que passei com uma colega de quarto que eu tinha conhecido havia três semanas e sua família. Fiquei impressionada com a bondade deles, mas eu sabia que haviam me convidado por pena. Ver eles e o amor que eles compartilhavam me fez sentir como uma intrusa, alguém que não pertencia lá.

Leva tempo para construir relações com significado, então quando você mora no exterior, você vai inevitavelmente passar muito tempo com pessoas que são divertidas, mas com quem você não compartilha memórias e histórias ainda. É como estar de volta no primeiro ano da faculdade de novo – só que desta vez você está em um país muito longe das pessoas que ama.

 4. Você não vai mais se encaixar

Morar no exterior me mudou de muitos jeitos mais que eu achei que mudaria. Descobri amores, paixões e medos que eu não sabia que tinha e abandonei convicções e crenças que simplesmente não pareciam mais certas. É uma mudança boa e que eu aceitei plenamente mas também – muito devagar e muito sutilmente – me alienou das pessoas e do lugar que eu costumava chamar de casa. Quando você se muda para o exterior, uma parte tão grande e importante da sua vida e desenvolvimento está acontecendo em outro lugar que se identificar totalmente com a vida de antes de novo se torna quase impossível.

Ao invés disso, você encontra um novo lar no seu novo país que preenche um pouco o vazio. Entretanto, como você não tem raízes nem história no seu novo lar, você nunca vai, mesmo que se esforce, pertencer 100 por cento. É por isso que quase todos os cidadãos do mundo que conheci ao longo dos anos batalham com perguntas existenciais, como onde eu pertenço? Onde é meu lar? Onde quero envelhecer?  Sem conseguir responder essas perguntas, eles acabam se mudando novamente – e de novo e de novo e de novo. Eles estão procurando por aquele sentimento de lar que eles antes queriam tanto deixar para trás.

5. Você vai perder amigos queridos

Amigos que você nunca pensou que perderia porque vocês se conheceram no jardim de infância, foram amigos na faculdade ou viajaram pela Europa juntos, mas aos poucos vão se afastar. Por todas as razões mencionadas acima, se mudar para o exterior vai mudar e sacrificar amizades especiais. Claro, algumas vão ficar mas, no geral, a maioria não vai. É culpa de ninguém e de todo mundo. Escolher caminhos diferentes termina amizades, assim como termina a maioria dos relacionamentos. É inevitável e é a vida, mas isso não deixa tudo mais fácil. Ao perder amigos, você perde uma parte de si mesmo e da sua história. Mas então, vale a pena? Eu me arrependo de escolher uma vida internacional? Sim e não. Com grandes sacrifícios vêm grandes recompensas.

“The scariest thing about distance is that you don’t know whether they’ll miss you or forget you.” 
― Nicholas Sparks, The Notebook

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