O post de hoje foi escrito pelo Gustavo Camargo. O Gustavo é leitor do blog, amante de Nova York e participante assíduo no nosso grupo lá no Facebook. Pelos nossos papos lá, percebi que ele tem muito bom gosto, sempre recomendando restaurantes diferentes e, por isso, convidei ele para escrever um post para o blog e ele prontamente topou. O tema? Restaurantes japoneses em Nova York – ele confessa que tem uma certa fascinação com essa culinária.
Falar de New York – e de Estados Unidos – é falar de multiculturalismo. São milhões de estrangeiros em um país que se orgulha – ou, aparentemente, se orgulhava – de seus imigrantes. São carrinhos de comida halal, supermercados chineses, trattorias italianas, bistrôs franceses, casas vietnamitas… É possível que, por mais de 150 dias ininterruptos, você possa comer uma cozinha diferente. Imagine só que existem mais de 45 mil residentes japoneses na cidade. O país é terceiro colocado, apenas atrás do próprio Japão e do Brasil, em números absolutos de japoneses. Isso explica a forte presença nipônica nos cardápios nova iorquinos. Na minha última visita à terra da Estátua da Liberdade, pude conhecer quatro restaurantes totalmente distintos.
Yakitori Totto – o restaurante, ou melhor, isakaya – termo japonês que se traduz em algo como “boteco” – leva a comida de rua japonesa a um outro nível. Ali, é difícil não encontrar uma opção que felicite até o mais chato dos viajantes. O cardápio é extenso. Há mais de duas dezenas de entradas. Dessas, destaco o Yakumi Zaru Tofu, um queijo feito de soja com uma textura muito semelhante às burratas italianas que derretem na boca. Delicado e delicioso.Mas, não fique apenas nas entradas, afinal, a casa é reconhecida pelos tradicionais espetinhos japoneses. Comece com um de takoyaki, espécie de bolinho recheado de polvo. Siga com o negi pon, espetinho de porco com molho ponzu levemente adocicado e o espetinho de Yaki Nasu, uma berinjela com pasta de misô. Se, assim como eu, for fã de gohan, o arroz japonês, peça um Yaki Onigiri, uma bola de arroz grelhada e acompanhada de molho (dê preferência ao misô). Se ainda tiver apetite, o Tsukune, uma espécie de almôndega de frango japonesa, é uma escolha certeira. Se quiser provar algo mais desafiador, vá de Una-Jyuu: fatias de enguia laqueada em um molho levemente adocicado sobre arroz. Para beber, não fuja do tradicional sakê ou shochu. Enquanto o sakê é um fermentado de arroz, o shochu é feito através da destilação. Se preferir um cocktail, peça o fresh fruit shochu, que vem com água com gás, shochu e uma fruta a ser espremida dentro do copo. Vale uma foto ou vídeo. O preço? Atraente. Dificilmente você gastará, com bebida, mais que $80 por casal.
Endereço: 251 W 55th St – site.
Sushi On Jones – o clima estava bom na primeira vez que fui ao Sushi On Jones. Ainda bem, porque o espaço fica a céu aberto em um dos cinco quiosques do Bowery Market. Não espere firulas. O foco aqui é algo rotineiro nas estações de metrô no Japão: uma degustação de doze peças em 30 minutos. A reserva, feita apenas através do arcaico SMS, é necessária. São somente 6 lugares distribuídos no exterior do pequeno quiosque. O tempo, apesar de parecer curto, foi preciso. Conseguimos desfrutar da refeição de forma muito boa, sem qualquer entrevero. Na verdade, sobrou tempo para degustarmos duas peças extras. Todas excepcionais. O cardápio, como disse, não existe. Paga-se U$50 por uma degustação de peças pré-definidas. São 12 unidades que surpreendem a cada chegada. Caranguejo, camarão, vieira, peixe olho-de-boi, ouriço, enguia e até mesmo carne Wagyu maçaricada. Todos, claro, montados na hora – e finalizados com shoyu – e servidos do balcão para seu prato. O melhor, claro, ficou para o final. Um niguiri que unia carne wagyu maçaricada e ouriço. No final, faça questão de finalizar a refeição com algo extra. Aceite o hand roll – espécie de temaki – ou peça pelo Big Mac, um niguiri que leva carne wagyu, ouriço, barriga de atum e mais um pedaço de ouriço. Ele não é bom. É celestial. O mundo precisa de mais Sushi on Jones.
Endereço: 251 W 55th St – site.
Ivan Ramen – a história do restaurante, por si só, já vale a visita. Mas, sinceramente, não vou entrar nisso. Abra seu Netflix e assista a 3ª temporada de Chef’s Table. Lá você encontrará a história e muito mais sobre Ivan Orkin, o dono da casa. Com um cardápio enxuto e com preços atraentes ($16 por uma tigela de lamen quente), a casa preza por um dos melhores caldos que já provei. E, diga-se de passagem, não foram poucos. A reserva aqui é obrigatória. Desde o lançamento da nova temporada da série, a casa vive lotada e com filas. Pule as entradas e mova rapidamente seus olhos para a parte de “Noodles”. Se estiver buscando algo sem muita potência, vá de Tokyo Shio Ramen. Uma tigela de caldo de frango temperada com dashi e sal e acompanhada de barriga de porco, ovos, cogumelos e o macarrão. Se estiver buscando algo mais complexo, vá de Tokyo Shoy Ramen que, ao invés de temperado apenas com sal, o caldo leva molho de soja. Mas, se seu dia foi cansativo, se sua perna está cansada e seu corpo precisa sentir que você o ama, faça um favor para ele e peça o triple pork. Como o próprio nome diz, é um mergulho de corpo e alma numa tigela rica de sabores suínos. Para beber? Siga a dica de quem te servir. Os preços são razoáveis se comparados a outros lugares da ilha e possui bons drinks japoneses e cervejas.
Endereço: 25 Clinton St – site.
Baohaus – não estranhe o local. Ele é realmente diferente de todos outros citados acima. Mas, acredite, isso não faz dele pior. Ele não é exatamente um restaurante. Considere ele um “fast food oriental”. Não há reservas, não garçons. Peça. Pague. Pegue. Mas, voltando, você não sabe o que é um Bao? Bao, ou bun, é a nova moda gastronômica. Pequenos pães cozidos no vapor e então recheados. Acredite. Vale a pena. Ao chegar, peça por um Chaiman Bao, que leva barriga de porco, picles, amendoim triturado, molho levemente adocicado e um pouco de coentro. O melhor? Ele custa apenas $4. Depois de três desses você estará satisfeito e me agradecendo pela dica. Torça para estar em um dia com algum Bao especial. Na última ida havia um de buffalo wings. Não era bom. Era genial. Se estiver pelo Brooklyn no final de semana você também poderá experimentá-los em Smorgasburg. Eles possuem uma barraca com um trabalho social com ex-presidiários. Inclusive escreveram um livro sobre receitas feitas na prisão.
Endereço: 238 E 14th St – site.
Bônus! Kang Ho Dong Baekjeong – se você aguentou até aqui é porque gosta e quer visitar restaurantes um pouco diferentes, correto? Se esse for seu caso, recomendo adicionar o Kang Ho Dong Baekjeong a sua lista de restaurantes a serem visitados. É farto e delicioso. Fácil entender porque casas do famoso “churrasco coreano” não param de surgir na cidade. Quer um outro motivo para ir? O restaurante é uma parada de chefs renomados, como é o caso do inventor do “cronut”, Dominique Ansel e até mesmo do crítico gastronômico Anthony Bourdain. Se você não confia em mim, confie neles. O cardápio é simples e descomplicado. Seleciona-se o tipo de carne (bovina, suína) e só. O garçom chegará com mais de uma dezena de acompanhamentos, entre eles um tofu apimentado, kimchi e um delicioso picles do que pareceu ser beterraba. O carro chefe da casa é o Short Rib bovino. Se estiver em mais pessoas recomendo o Combo, que agrega mais carnes.
Endereço: 1 E 32nd St – site.
Gustavo, muito obrigada pelo excelente post! Já estou morrendo de vontade de visitar todos os restaurantes que você sugeriu!
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Laura Peruchi é jornalista, autora e empreendedora. Mora em Nova York com seu marido desde 2014, e, desde então, divide em seu blog um conteúdo variado sobre a Big Apple. Com dicas de turismo, compras, restaurantes e muito mais, sua plataforma online tornou-se referência em conteúdo em português para quem está planejando uma viagem a Nova York. Acompanhe Laura também no Instagram, Youtube, Facebook e Spotify.