Blog da Laura Peruchi – Tudo sobre Nova York
NYCturismo

Como fazer boas fotografias durante a viagem?

É fato: fotos estão entre as recordações mais especiais das viagens que fazemos. Claro que há souvenirs com valor sentimental, comidinhas e tudo mais, mas são as fotos que fazem a gente relembrar os dias incríveis que vivemos naquele destino. Eu valorizo muito boas fotos durante as minhas viagens. Tudo que sei sobre fotografia eu aprendi com a minha irmã, Meiry. Ela que me ensinou a configurar a minha câmera e sempre me dá vários toques. Por isso, eu a convidei para escrever sobre o assunto e deixar algumas dicas para ajudar vocês a terem lembranças incríveis da viagem a Nova York – ou a qualquer lugar do mundo! Para quem quiser saber mais sobre o trabalho dela, basta clicar aqui. Ela mora em Paris e faz ensaios fotográficos por lá. Aproveitem para seguir o Instagram dela também @flaneriephoto.

Quando a Laura me pediu pra escrever um post sobre fotos de viagem, fiquei em dúvida sobre como abordar o tema. Nada me instiga mais a fotografar do que estar em um lugar no qual nunca estive antes. Isso porque junta duas das minhas paixões: fotografia e viagem. Minha memória não é das melhores, e quando eu revejo fotos de uma viagem que passou já há muito tempo, eu me lembro não só do momento exato do clique, mas também do que eu tinha comido antes, como tinha chegado até o local, esse tipo de coisa. Porém, acho que a maioria das dicas não necessariamente seria exclusivamente para fotos de viagem, mas para qualquer tipo de foto. Gosto de observar muitas coisas antes de fotografar, e vou compartilhar algumas aqui. Vou ilustrar esse texto com fotos mais antigas e mais recentes, de acordo com alguns pontos que levo em consideração para fotografar. Claro que são pontos importantes para mim, e podem não ser para você, mas esse é o legal da fotografia: não tem regra.

Além das fotos do próprio local, gosto de ter pelo menos uma foto legal minha, porque não me fotografo com frequência, então é uma boa oportunidade. E aí entramos no primeiro ponto. Muita gente ama selfies, eu já não sou muito fã. Principalmente se for com selfie stick. Deve ser porque moro em uma cidade tão turística que vejo muitos selfies sticks o tempo todo, e nem todo mundo tem noção de espaço quando levanta esse objeto…

Em geral, as selfies são feitas com telefone e deformam um pouco o rosto, por causa do ângulo grande da lente. Mas o ponto principal aqui é que a selfie mostra muito mais da pessoa do que do local, e a ideia, pelo menos pra mim, numa viagem, é mostrar o local que estamos conhecendo, né? Mas se você está se amando e a luz tá boa, por que não? Se não der pra evitar o selfie stick, pelo menos faça a foto escondendo o objeto e deixe-o apenas para os lugares abertos e espaçosos. Nunca use o selfie stick em museus. Nunca. Por favor.

Como eu não sou especialista em selfies, tenho algumas opções. A primeira é eu mesma fazer a foto, se estiver com o tripé e o disparador (recomendo também o timer, que tem em qualquer câmera e celular). Também dá para apoiar a câmera ou o celular em algum muro ou objeto e geralmente dá certo. A segunda opção é pedir para alguém fazer a foto pra mim. Sempre faço uma foto da pessoa antes, para mostrar o enquadramento que eu quero, e deixo a regulagem da câmera pronta. Caso eu esteja viajando sozinha, espero passar alguém que tenha uma câmera do mesmo tipo que a minha, porque aí é certo que pelo menos o foco a pessoa vai acertar. A última opção é a selfie. Mas aí eu tento fazer algo diferente para mostrar o lugar:

NYC – Nesse caso, no rooftop do MET, aproveitei o vidro espelhado para me registrar no local de uma maneria diferente.

Ainda sobre as fotos em que você aparece, se o que você quer registrar for um monumento, prédio, ou qualquer coisa muito grande, o segredo é tomar distância. Se você estiver aos pés da Torre Eiffel, por exemplo, vai ser muito difícil conseguir uma foto com ela aparecendo por inteiro, e se for, vai ser de baixo para cima, e esse ângulo nem sempre dá um bom resultado. Eu diria que é arriscado. Se apenas o fotógrafo tomar distância e você continuar próximo ao monumento, você vai ficar tão pequeno quanto irreconhecível. Vá lá longe com o fotógrafo e garanta sua foto. Se houver muita gente ao seu redor, tenha paciência e espere por um momento mais calmo.

Agora vou focar mais em fotos dos lugares, não necessariamente retratos, mas muitas das dicas são aplicáveis em todos os casos, então vou ilustrar com retratos e paisagens. Como falei em museus antes, deixo aqui um apelo. Evite ficar com o celular na frente das obras de arte, fotografando sem parar. Todo mundo ali quer ver a obra e se você fotografar e ainda resolver escolher os filtros com o celular empunhado na frente da obra (já vi isso tantas vezes…) o que você vai conseguir é um retrato não muito bom da obra e muita gente com raiva de você. Se não der para resistir, tente fazer alguma foto original. Se for apenas para registrar a obra, saiba que na internet tem reproduções super fiéis e em alta resolução de toneladas de obras de arte.

Acorde cedo. Sim, você está viajando, provavelmente com jet lag, cansado de tanto andar… mas faça isso. Não é por um nem dois bons motivos. Caminhar bem cedo te dá a oportunidade única de ver o local livre de turistas, com silêncio e, de quebra, você pode curtir o nascer do sol e aquela luz maravilhosa da manhã.

Essa é apenas mais uma foto feita dentro do museu do Vaticano. Eu acabei de dizer para vocês que nem sempre fotografar em museu é uma boa, mas só você vai saber. Nesse caso, quis registrar o corredor completamente vazio, assim que o museu abriu.

A luz do nascer do sol e a luz antes do pôr do sol são conhecidas como golden hour – a hora dourada. Acho que não preciso explicar o motivo, né? O caso é que, diferentemente do que muitos podem imaginar, essa luz é a melhor para fotografar na maioria das vezes, tanto pelos tons quanto pela suavidade. No caso de um retrato, você não vai ter aquela sombra de cima para baixo nos olhos, como o sol do meio dia faz. No caso de uma paisagem, você vai ter o céu com mais cores do que em qualquer outro momento. Falando em luz, vocês já ouviram falar em blue hour? Observe que depois que o sol se põe e já não há mais nada de dourado, o céu ainda não está escuro. Ele fica num azul incrível, que não dura muitos minutos. Aproveite 🙂

Etretat / Normandia / França. Acordar cedo num dia gelado, caminhar morro acima, montar o tripé, fotografar, depois voltar de viagem e tratar tudo… quem gosta de fotografia entende 🙂
Paris / França. A parte traseira da catedral de Notre Dame, o rio Sena e o céu colorido logo depois do pôr do sol.
Plaça España / Sevilla – Esse é um clique que fiz da Laura recentemente em Sevilla. O céu ficou assim apenas por alguns minutos. Talvez seja a efemeridade o que torna a blue hour tão especial.

Descubra se há algo de especial acontecendo no local durante o período em que você vai estar lá. E registre. Pode ser uma festa anual, um desfile, uma intervenção…

Durante o período de poucos dias no ano é possível presenciar as noites brancas em alguns locais do planeta. Elas recebem esse nome porque o sol se põe e nasce quase no mesmo ponto e em um período de tempo tão curto que não chega a escurecer completamente. Fica como uma golden hour/blue hour prolongada, as duas juntas em uma só. Nessa foto, um registro do verão 2016 em São Petesburgo/Rússia.

Aprenda a respeitar as regras, os costumes e o passado. Em muitos locas é proibido fotografar. Seja qual for o motivo, respeite. Procure saber um pouco da história e dos costumes do local e, independetemente do seu julgamento pessoal, respeite.

As rosas de Sarajevo, como ficaram conhecidas as marcas de bomba que nos lembram o tempo todo da história da capital da Bósnia e Herzegovina, nem sempre são respeitadas. Os moradores preferem, hoje, que elas sejam cobertas por asfalto, em função do desrespeito que muitos turistas demonstram. Não seja esse tipo de turista.

Seja observador, detalhista, paciente. Espere pelo momento certo. Olhe para cima e para baixo. Procure reflexos. Seja criativo!

Olhe para cima e espere o momento certo. Vi esses pássaros se aproximando, esperei alguns momentos até eles se aproximarem do telhado do castelo, e consegui adicionar um elemento novo. Château de Chenonceau / Vale do Loire / França
Não gostei da Times Square, em NYC. Foi um local que fez eu me sentir sufocada. Queria, porém, registrar aquela confusão de alguma maneira. Vi uma poça. Me abaixei para ver se conseguia um reflexo legal. Positivo. Lá longe vinha um táxi. Regulei o tempo de exposição para que captasse um pouco do movimento, independente da nitidez que seria obtida. O táxi passou, cliquei. Por conta do tempo de exposição, minha mão tremeu e a foto não ficou nítida. Mas essa era a sensação que eu tinha la. Para alguns, a foto tem um problema. Mas era exatamente o que eu queria registrar.
Vidro é uma ótima fonte de reflexos. Nessa foto, consegui juntar paisagem, no reflexo, com retrato, e obter um resultado interessante e diferente.

Falando em condições não favoráveis, já pensou em acordar num dia frio, com chuva, e sair bem cedo pra fotografar? Nem sempre essa fórmula é sinônimo de fracasso.

Escolhi essa foto porque, apesar de não ser uma foto de viagem, ela resume muito do que eu tenho a dizer: tome distância dos monumentos, acorde cedo, não tenha medo da chuva! Vejam o reflexo que a água cria no chão… e a praça do Trocadero, um dos locais mais lotados de Paris, mesmo de manhã cedo, num raro momento: complemetamente vazia.

Bom, você não acordou cedo e agora o local está lotado? Isso nem sempre é um problema. Pense em alguma maneira de explorar a presença dessas pessoas. Geralmente, o movimento é um elemento que enriquece a foto. Aumente um pouco o tempo de exposição do clique e capte as pessoas como borrões!

E se você realmente quer que não haja ninguém na sua foto? Tenha paciência. Em algum momento você vai conseguir.

Tive que esperar muito tempo até conseguir fazer essa foto. A galeria estava lotada, tinha gente passando o tempo todo. Mas deixei tudo pronto, fiquei preparada e num espaço de poucos segundos ninguém passou. Voilà.

“Mas eu não tenho uma câmera boa como a sua… minhas fotos nunca serão boas…” Sério? Já ouviu falar que a melhor câmera é a que está com você? Pois é. Pra mim isso diz duas coisas. A primeira é: sempre tenha sua câmera com você. Você nunca sabe quando vai se deparar com algo incrível. A segunda é que você deve tentar fazer o melhor que puder com o que tem na mão. Por isso, não fique obcecado com o equipamento. Muitas vezes é importante deixar a foto de lado e curtir o momento.

Observe as pessoas, os animais… não só a paisagem. Você vai descobrir muito sobre o local que está visitando.

Essa é uma imagem que você pode ter na cabeça quando pensa em quem vai ver em Paris. Mas a foto seguir também foi feita por aqui.

Se você for fotografar um desconhecido, você tem duas opções. Pedir a autorização dele ou… ter certeza de que não vai ser visto. A legislação em relação à imagem é diferente em cada país, e é melhor não arriscar. A gente nunca sabe como vai ser a reação da pessoa. E se resolver publicar a foto, tenha bom senso.

Teste novos enquadramentos, procure ângulos diferentes, olhe para cima, olhe para baixo… seja mais observador. Tente fazer algo original, dentro do possível, se for fotografar algo que já foi fotografado milhões de vezes. Observe as coisas pequenas, os detalhes, os objetos. Muitas vezes eles contam uma história ou revelam algo que não está na paisagem.

Às vezes basta olhar ao redor para encontrar algo interessante. Nesse caso, não estava encontrando um bom enquadramento para fotografar esse lago, mas não queria ir embora sem uma lembrança. Acabei vendo esse cogumelo e escolhendo como elemento principal da foto.
Muitas vezes, a gente olha para uma foto e não tem noção do tamanho. Por isso, esperei alguém entrar no quadro para fazer esse clique. A pessoa nos traz a noção da dimensão do muro. (Roosevelt Island – NYC)

Tenha cuidado com o seu equipamento. Muitas vezes é melhor perder a foto do que correr o risco de ser roubado ou danificar seu material (seja com água da chuva, lama, poeira…).  Falando nisso, conheça muito bem todas as funcionalidades do seu equipamento. Algumas paisagens não cabem no ângulo da sua lente? Que tal montar um panorama? As câmeras de celular ja têm a função (embora eu nunca consiga fazer ficar bom…), e você também pode fazer várias fotos com a sua câmera e depois montar uma só.

Lago di Ledro – Itália
Nova York
Mostar – Bosnia e Herzegovina

No caso das fotos acima, fiz 5, 6, 7 fotos com a câmera, e depois combinei todas elas em uma só nos pós-tratamento. Falando nisso, não esqueça do tratamento da foto. Confira se o horizonte ficou alinhado, se a exposição ficou correta… Tem tantos programas e aplicativos para fazer isso, é tão rápido e prático, mesmo no celular… não precisa descartar uma foto por causa de um detalhe que pode ser facilmente corrigido. Enxergue o potencial dela 🙂

Essa é a mesma foto acima e abaixo, mas enquanto a de cima esta crua, a de baixo foi trabalhada. 

Além disso, depois que a foto estiver pronta, não deixe de garantir a segurança das suas lembranças fazendo o backup e, por que não, imprimindo e montando um álbum?

Espero que tenham gostado das dicas da minha irmã! Não deixem de acompanhar o trabalho dela pelo Instagram @flaneriephoto. Para saber mais sobre o trabalho dela, basta clicar aqui. Como mencionei no início, ela mora em Paris e faz ensaios fotográficos por lá.


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