Quem me acompanha há algum tempo aqui no blog sabe que um dos objetivos do meu trabalho é mostrar uma Nova York diferente, fora do comum e dos tradicionais roteiros turísticos. Não canso de dizer o quanto essa cidade é incrível e oferece milhares de coisas para se fazer! Eu nem lembro mais como descobri sobre City Island, que é tema do post de hoje, mas o fato é que nessas minhas pesquisas pela internet eu fiquei sabendo da existência dessa pequena ilha e não sosseguei até conhecê-la de perto!
City Island tem aproximadamente 2,4 km de comprimento e 800 metros de largura e uma população de mais de 4300 pessoas, segundo dados de 2010. Essa ilha pertence ao The Bronx, um dos cinco distritos de Nova York – sim, City Island fica na cidade Nova York! Visitar esse local é como se transportar para uma pequena cidade com clima super interiorano e lindas paisagens. Se você está buscando lugares fora do comum para visitar durante seu período da cidade, vale considerar um passeio nessa ilha.
City Island teve uma colonização europeia, que começou por volta de 1614, quando Adriaen Bloco reivindicou a terra para os holandeses. Em 1655, o inglês Thomas Pell chegou à ilha e comprou a terra. O governador holandês Peter Stuyvesant tentou expulsá-lo, mas Pell se recusou a sair. Ele foi finalmente autorizado a permanecer na condição de fazer um juramento de lealdade ao governo holandês. City Island foi propriedade da família Pell 1749. Em 1761, Benjamin Palmer comprou a ilha e sua intenção era ambiciosa: ele pretendia uma cidade que poderia ser um rival comercial para Manhattan, e por isso o nome New City Island entrou em uso por volta de 1800. Como a ilha começou a desenvolver a sua própria identidade comercial, a comunidade de pescadores de ostras e construtores navais escolheu para tirar ‘Novo’ de seu nome, para se tornar simplesmente City Island. Até então, a ilha fazia parte de Westchester, mas, em 1896, os moradores votaram para que City Island se tornasse parte de New York City.
Devido à sua proximidade com a Long Island Sound, City Island desempenhou um papel importante na construção naval durante os séculos 19 e 20. A ilha atendia barcos que partiam e chagavam à cidade e as suas fábricas foram fundamentais na montagem de campos minados e rebocadores para ambas as guerras mundiais. No início dos anos 80, o cenário mudou, já que a indústria naval estava abalada. Hoje, a história naval da ilha é preservada através do City Island Nautical Museum, que exibe artefatos e documentos que detalham fundadores do lugar. O bairro mantém sua atmosfera única de cidade pequena, frequentemente comparada com a de uma vila de pescadores da Nova Inglaterra.
De fato, pela extensão da ilha, já dá pra imaginar que não é difícil explorar o local, correto? City Island tem uma rua principal, a City Island Avenue, que corta a ilha de ponta a ponta. É nessa avenida que estão localizados dois pequenos supermercados, um posto de gasolina, uma farmácia, um banco, uma loja de ferragens, e uma variedade de outras pequenas lojas. A ilha é super famosa por seus restaurantes de frutos do mar e lojas de antiguidades. Paralelas à avenida principal, estão as ruas residenciais. Cheias de casas charmosas, uma mais linda que a outra, essas ruas fazem com que a gente se sinta dentro de um filme americano. Impossível não querer morar em uma daquelas casas.
Passeando pela parte residencial da ilha, a gente também se depara com a vista para a baía e aí, num dia de sol e céu azul, é impossível não querer apreciar a vista de cada uma dessas ruelas. A maioria delas, infelizmente, tem cercas e muros de proteção que atrapalham bastante. Mas, não desista: caminhe até a ponta sul e você terá um espaço super bacana para apreciar a água e um pôr do sol de tirar o fôlego. No Johnny’s Reef, restaurante que também fica ali, você pode entrar pelo estacionamento e tirar umas fotos também. Porém, para mim, a vista mais especial de City Island fica no final da Horton Street. Ali é um dos únicos pontos em que o muro não é alto e você consegue contemplar uma vista maravilhosa para a água e até mesmo para o skyline de Manhattan, bem ao fundo. Foi um dos fins de tardes mais lindos que já vi. Sem contar as casinhas super charmosas que estão ali na beira da água. Que sonho não deve ser morar ali, né?
E sua experiência na ilha vai ficar ainda mais completa com um almoço ou jantar num dos inúmeros restaurantes de frutos do mar que existem por lá. Sério, fiquei de cara com a quantidade de restaurantes de City Island, fato que faz a fama da ilha. Fica até difícil escolher com tantas opções. Vários deles, inclusive, têm vista privilegiada. Recorremos ao Foursquare para escolher onde iríamos almoçar, já que a oferta é vasta. Optamos pelo The Original Crab Shanty e não podíamos ter ficado mais felizes com nossa escolha. O ambiente do restaurante é muito bacana e a moça que nos atendeu foi de uma simpatia ímpar.
O menu é enorme (vide foto acima) com opções de pratos com lagosta, caranguejo, camarões, lulas, ostras e peixes. Nós optamos por um combo chamado Whole Lobster, Snow Crab Legs & Shrimps (U$42,99). Ele é para uma pessoa – mas como imaginávamos que seria farto, pedimos para dividir. Esse combo é servido com uma sopa de entrada e mais um acompanhamento (massa, arroz, batata assada ou batata frita). Além disso, a cortesia da casa é um pão de alho delicioso. Nosso combo veio com uma lagosta inteira, servida em duas porções com um tempero delicioso, as pernas de caranguejo – duas porções – e três camarões grandes – à milanesa. Eu confesso que nunca tinha comido nem lagosta nem caranguejo nesse estilo de quebrar e ir comendo tudo com a mão, mas a experiência é bem bacana – eles trazem até um babador para você não se sujar. Depois, o Thiago viu um prato em outra mesa e acabamos pedindo para provar: uns crab cakes, que lembram muito as casquinhas de siri. Deliciosos! A porção com 6 custou uns U$17. Mas esse prato foi a nossa “gula” digamos assim, pois o que pedimos foi super suficiente. Saímos de lá mega satisfeitos e felizes com a experiência gastronômica! Ah, também pedimos uma Marguerita – gigante, diga-se de passagem – que custou U$14. Neste link aqui, você pode conferir o menu do local para almoço e jantar. Quando fomos almoçar, já eram 15h, então, tudo que pedimos era do Dinner Menu. O The Original Crab Shanty abre todos os dias – menos no Thanksgiving – a partir das 11 da manhã. Vale mencionar que o local também serve massas – e as porções são gigantes! Com certeza, dá pra dividir com alguém!
Como eu mencionei, esse não é o único restaurante de City Island – há mais de 15 opções na ilha e, pelo que chequei e perguntei na ilha, eles abrem o ano todo. Alguns não abrem de segunda e terça. Neste link aqui, você consegue conferir todos e no mapa ao final do post eu marquei os principais – clicando em cada ponto, tem o site de cada restaurante.
Uma última dica: vale lembrar que City Island tem também um Yatch Club e uma Marina (marcados no mapa abaixo). A gente entrou na marina e é impressionante o número de barcos e iates. Tem uma plataforma com uma vista muito bonita – havia uma placa dizendo que era apenas para membros mas subimos rapidamente para olhar e ninguém falou nada.
Meu veredicto? Amei City Island – a ilha superou minhas expectativas. Tivemos um dia intenso, caminhamos um monte pela ilha, vimos paisagens lindas, relaxamos e comemos bem. Fico imaginando o quão legal deve ser o lugar durante o verão! Já quero voltar para comer em outro restaurante!
Como chegar? Use a linha 6 até a estação Pelham Bay Park – é a última estação. Vá para o ponto de ônibus (é só sair da estação e você vai ver), linha Bx29. Esse ônibus vai até City Island – o final da linha é a ponta sul da ilha. Você pode escolher descer em qualquer ponto – há várias paradas. Nós descemos na Ditmars e exploramos tudo a pé. Esse trajeto vai levar entre 1 hora e 1 hora e 20 minutos. Da ponta sul, fizemos o caminho contrário: pegamos o ônibus até a estação Pelham Bay Park e daí pegamos o trem 6 de volta a Manhattan. Vale lembrar que o ônibus BX29 atravessa o Pelham Bay Park, o maior parque de Nova York (não, o Central Park não é o maior) e só esse trajeto já é maravilhoso. Fiquei encantada com o parque – que estava especialmente lindo por conta da paisagem de outono!
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Laura Peruchi é jornalista, autora e empreendedora. Mora em Nova York com seu marido desde 2014, e, desde então, divide em seu blog um conteúdo variado sobre a Big Apple. Com dicas de turismo, compras, restaurantes e muito mais, sua plataforma online tornou-se referência em conteúdo em português para quem está planejando uma viagem a Nova York. Acompanhe Laura também no Instagram, Youtube, Facebook e Spotify.